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VINICIUS MOTA
Boa gestão na velha Radiobrás
SÃO PAULO - Eugênio Bucci enxerga bem -e se refestela na terra
de cegos em que se transformou o
petismo neste pedaço de tempo
perdido entre Lula 1 e 2. Não se acuse de oportunista o presidente da
Radiobrás, que entregou o cargo,
mas não sabe se vai deixar o posto.
Se ele prega aos quatro ventos
contra os arroubos pela "democratização" companheira da mídia, não
o faz em nome da recolocação profissional -ou não apenas sob essa
motivação. Quem for conferir o que
Bucci fez, disse e escreveu ao longo
desses quatro anos notará uma coerência admirável. Desde o início,
pôs-se em cruzada contra o "chapa-branquismo" e a partidarização da
mídia estatal federal.
Na Radiobrás, implantou diversos protocolos de procedimento
inspirados nas melhores práticas
jornalísticas. Ajudou a arejar, enfim, um rincão embolorado da máquina de comunicação federal. Trata-se de um avanço importante (sujeito a retrocesso em Lula 2). A
agenda, porém, é limitada demais.
É triste acompanhar um quadro
do nível de Eugênio Bucci a gastar
energias comemorando o novo enfoque "cidadão" da "Voz do Brasil"
ou defendendo a flexibilização do
horário de sua transmissão. São
questiúnculas do século passado,
quando o sistema público de TV ou
definha -caso das TVEs- ou se expande na chatice corporativa -canais do Senado, da Câmara, do Executivo, do Judiciário etc.
Somem-se os recursos mobilizados no sistema Radiobrás e em publicidade estatal socialmente irrelevante e se conclui que patrimônio, profissionais e verbas que poderiam constituir no Brasil uma TV
pública moderna, forte e autônoma
em relação a governos e partidos estão sendo drenados pela lógica predatória de grupelhos.
Faltam lideranças para combater
essa irracionalidade -óbvia para
quem, como Bucci, vislumbra o todo e tem como parâmetro o interesse público difuso. Mas, a esgrimir
pelo futuro, ele preferiu ser um
bom presidente da velha Radiobrás.
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