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CARLOS HEITOR CONY
As portas da corrupção
RIO DE JANEIRO - Começam a
aparecer os números relativos às
doações aos partidos durante a
campanha eleitoral.
Disparado, o PT arrecadou R$
94,4 milhões, gastando R$ 104,3
milhões, contraindo uma dívida de
R$ 9,8 milhões, que fica à espera de
novas doações -que certamente
não faltarão.
Outros partidos também tiveram
doações, mas em nível mais modesto, embora o PSDB tenha arrecadado R$ 62 milhões e gastado R$ 82
milhões, ficando com uma dívida de
R$ 20 milhões.
Os doadores são pessoas jurídicas
e físicas movidas pelo interesse de
colaborar com os partidos. Uma
preferência comprometida com o
próprio poder. Daí terem minguado
as doações ao PSDB quando as pesquisas indicavam que Lula seria
reeleito. O desprendimento ficou
submetido ao interesse da colaboração com o novo governo, que, de
uma forma ou de outra, pagará esse
tipo de desprendimento.
No caso do PT, despesas foram
feitas por conta do erário, o candidato era o presidente da República
e tinha exposição gratuita na mídia
em eventos administrativos.
Por falar em desprendimento,
louve-se os funcionários de estatais
como a Petrobras, que doaram R$
20 mil como pessoa física para a
reeleição daquele que fará nomeações para o próximo governo. Convém notar que tudo foi feito de
acordo com a lei, lei essa que beneficia o mais forte e, por isso mesmo,
precisa ser reestudada. Enquanto
não forem disciplinadas as doações
com um limite fixado para os doadores, ficam abertas as portas e os
caminhos da corrupção.
Todos sabemos disso, argumentamos que em outros países a situação é a mesma. E bradamos inutilmente quando novo escândalo, depois de anunciado pelas doações, é
finalmente proclamado pelos catões da vida pública nacional.
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