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EDITORIAIS
MUDANÇA NO CENTRO
Ruas de pedestres nos centros históricos são comuns em
cidades de elevado padrão. Buscando trilhar este caminho, nos anos 70,
o prefeito Olavo Setúbal implantou
em São Paulo os calçadões, restringindo o tráfego de automóveis no
âmbito de um programa de reabilitação do centro, que já vivia intenso
processo de esvaziamento econômico. Os automóveis eram vistos como
um dos elementos de deterioração
da região, cujas ruas estavam permanentemente congestionadas.
Como era previsível, os calçadões
não foram a tábua de salvação do
centro. Nem poderiam ter sido, pois
as causas da decadência são mais
profundas e exigem intervenções e
investimentos importantes -alguns
deles em curso no âmbito do Programa Ação Centro. A decadência da região, que se aprofundou nos anos 80
e 90, com o desemprego e a falta de
fiscalização, gerou um incontido
processo de ocupação dos calçadões
por ambulantes -problema que na
realidade exige mais rigor e eficácia
da fiscalização.
É nesse contexto que deve ser vista
a proposta do prefeito José Serra de
voltar a abrir ruas do centro para automóveis. A idéia requer debate e estudo cuidadoso com vistas a evitar o
agravamento dos problemas que se
pretende enfrentar. Os calçadões não
são intocáveis, mas, por outro lado,
as vias do centro são estreitas e seus
edifícios não contam com garagem
no subsolo, de modo que a liberação
dos automóveis dificilmente estimularia o comércio nobre, podendo, ao
contrário, provocar congestionamento insolúvel e mais deterioração.
Uma opção, comprovadas as vantagens de acabar com alguns dos calçadões, é estabelecer horários para a
circulação exclusiva de ônibus e táxis, reservando-se para os automóveis a noite e os finais de semana. Antes de tudo porém é preciso que qualquer medida relacionada aos calçadões se inscreva no âmbito de um
plano mais geral para o centro de São
Paulo, que aos poucos vem se recuperando de décadas de deterioração.
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