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VINICIUS TORRES FREIRE
O novo guia genial dos povos
SÃO PAULO - Como a mulher barba da do circo, Hugo Chávez é engraçado e grotesco. Ontem esteve numa espécie de circo-zoológico dos sem-terra do Rio Grande do Sul, modelo de
assentamento aberto ao turismo
ideológico, onde um terço das famílias busca o sustento em outro lugar
que não a agricultura "solidária". No
circo armado pelo Fórum Social
Mundial, Chávez deu mais um basta
à "mão peluda, ossuda e fedorenta do
imperialismo norte-americano".
Chávez tornou-se o novo guia genial dos povos, para o ridículo supremo da esquerda, que não se cansa de
se avacalhar. Mas parece um revolucionário tipo "Bananas", de Woody
Allen, engraçado só no circo. É um
caudilho nacionalista típico da América Latina, subproduto de um dos
vários desmanches nacionais da região (como Colômbia, Bolívia, Equador, logo o Peru).
Na Venezuela, 50% dos impostos e
80% das exportações vêm do óleo. De
1958 a 1998, quando Chávez foi eleito, o país foi o condomínio de uma
elite espantosamente corrupta até
para um brasileiro, que nadava em
petróleo e distribuía subsídios-esmola ao povo. Não se industrializou ou
se educou. Caracas é 60% favela.
O governo corrupto e doidivanas de
Andrés Péres tentou "neoliberalizar"
este pacto miserável em 1989-90, o
que deu em crise cambial, fiscal, inflação e mais corrupção. Aumentou a
pobreza e a desigualdade. Provocou
levantes populares e golpes que acabaram dando em Chávez.
O país dividiu-se em metades que se
odeiam. A elite empresarial e os donos da mídia são safados e golpistas.
Os partidos são o de Chávez e o da
elite odienta. Democratas? Neca.
Desde que Chávez assumiu, o preço
do petróleo multiplicou-se por quatro. Mas a pobreza, a desigualdade e
o desemprego aumentaram. A renda
real caiu 20%. Chávez concentra poderes e faz reformas de garganta,
num esquema de fuga para a frente
de promessas e de benesses cada vez
mais populistas. Este é o novo líder
espiritual da esquerda brasileira?
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