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MARTA SALOMON
Diferencial delta veste baiana?
BRASÍLIA - Tão cifrado quanto o título da coluna está o debate sobre a
segurança do voto eletrônico. A dúvida é se o voto que o eleitor aciona nas
urnas eletrônicas é o mesmo que aparece na contabilidade final da eleição. Ou se os dados podem ser fraudados no caminho, que passa pela
criptografia (embaralhamento)
montada por um braço da Agência
Brasileira de Inteligência, a Abin.
De um lado, estão o presidente do
TSE, Nelson Jobim, e o ministro Alberto Cardoso (Segurança Institucional). De outro, técnicos reunidos no
Fórum do Voto Eletrônico.
Anteontem, Jobim levou ao Congresso o que deveria ser a pedra para
enterrar o tal debate. Sua cruzada
ganhara o apoio de uma auditoria
contratada à Unicamp nos programas da eleição de 2000. Em suas conclusões, o laudo atesta que o sistema
eletrônico de votação é seguro.
Acontece que os mesmos peritos defendem que os boletins de urna com o
resultado das seções eleitorais sejam
impressos antes da etapa da criptografia. Na falta de votos impressos
para uma eventual recontagem -só
haverá voto impresso em 4,6% das
urnas-, esses boletins seriam o único material disponível para a conferência dos votos.
O general Cardoso diz que já é assim que funciona. Se fosse, por que a
Unicamp faria a recomendação?
Na pré-história da urna eletrônica,
maquininhas de calcular nas mãos
de estudantes de jornalismo que conferiam um a um os boletins de urna
(eu inclusive) desmontaram a tentativa de fraude da eleição de Leonel
Brizola ao governo do Rio em 82. Na
ocasião, um discreto ""diferencial delta" desviava votos para o candidato
do PDS nos computadores da Proconsult, a empresa contratada pelo
tribunal regional para somar o resultado. Ninguém foi punido.
Dias atrás, José Serra contestou o
resultado de pesquisa de opinião e
disse que seus publicitários se vestiriam de baianas caso Anthony Garotinho lhe tivesse tomado o segundo
lugar na corrida ao Planalto.
Quem quiser contestar o resultado
da eleição fará o quê?
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