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MARCELO BERABA
Promessas fáceis
RIO DE JANEIRO - O secretário de Segurança Pública do Rio, Roberto
Aguiar, avisa que os cariocas terão
pelo menos mais dois meses de insegurança até que possam sentir os
efeitos do trabalho da força-tarefa
encarregada de combater a escalada
de violência na cidade.
Dois meses? Ou o secretário já se
deixou impregnar pelo clima eleitoral ou não sabe de que está falando. É
bom que transmita esperança, mas
devagar, que o santo é de barro. A
criminalidade no Rio e a sensação
permanente de insegurança já afundaram vários governos desde 1983.
Brizola teve duas chances e perdeu
nas duas. Moreira Franco se elegeu
com a promessa de acabar com a violência na cidade em seis meses. Deu
no que deu. Dois advogados experientes nas lides da Justiça, Nilo Batista e Marcello Alencar, comeram o
pão que o diabo amassou. Marcello
só conseguiu fazer algo digno de nota
no último ano do governo, quando
moralizou a delegacia que cuida dos
sequestros e estancou o crescimento
de alguns crimes.
Garotinho, como Moreira, elegeu-se com a bandeira do combate à violência. Ele diz que investiu muito,
mas o resultado final não foi muito
diferente dos outros.
Os crimes mais violentos, com exceção dos sequestros, mantiveram-se
em patamares indecentes. A revolução gerencial que prometeu ficou pela metade, comprometida pela falta
de continuidade e por ações meramente politiqueiras.
Benedita da Silva e o PT herdaram
o que estamos vendo: uma cidade
conflagrada, com índices altíssimos
de crimes violentos e com centenas de
favelas e conjuntos habitacionais tomados pelo narcotráfico.
Há, agora, uma novidade, que é a
disposição do governo em trabalhar
em equipe. A força-tarefa reúne as
polícias Militar, Civil e Federal e a
Guarda Municipal e espera o reforço
das Forças Armadas. Mas a tentação
de promessas fáceis, estimulada pelo
clima eleitoral, parece ser a de sempre. Como vimos, não dá certo.
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