São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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MARCELO BERABA

Promessas fáceis

RIO DE JANEIRO - O secretário de Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, avisa que os cariocas terão pelo menos mais dois meses de insegurança até que possam sentir os efeitos do trabalho da força-tarefa encarregada de combater a escalada de violência na cidade.
Dois meses? Ou o secretário já se deixou impregnar pelo clima eleitoral ou não sabe de que está falando. É bom que transmita esperança, mas devagar, que o santo é de barro. A criminalidade no Rio e a sensação permanente de insegurança já afundaram vários governos desde 1983.
Brizola teve duas chances e perdeu nas duas. Moreira Franco se elegeu com a promessa de acabar com a violência na cidade em seis meses. Deu no que deu. Dois advogados experientes nas lides da Justiça, Nilo Batista e Marcello Alencar, comeram o pão que o diabo amassou. Marcello só conseguiu fazer algo digno de nota no último ano do governo, quando moralizou a delegacia que cuida dos sequestros e estancou o crescimento de alguns crimes.
Garotinho, como Moreira, elegeu-se com a bandeira do combate à violência. Ele diz que investiu muito, mas o resultado final não foi muito diferente dos outros.
Os crimes mais violentos, com exceção dos sequestros, mantiveram-se em patamares indecentes. A revolução gerencial que prometeu ficou pela metade, comprometida pela falta de continuidade e por ações meramente politiqueiras.
Benedita da Silva e o PT herdaram o que estamos vendo: uma cidade conflagrada, com índices altíssimos de crimes violentos e com centenas de favelas e conjuntos habitacionais tomados pelo narcotráfico.
Há, agora, uma novidade, que é a disposição do governo em trabalhar em equipe. A força-tarefa reúne as polícias Militar, Civil e Federal e a Guarda Municipal e espera o reforço das Forças Armadas. Mas a tentação de promessas fáceis, estimulada pelo clima eleitoral, parece ser a de sempre. Como vimos, não dá certo.


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