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Editoriais
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O arraial tucano
A convenção tucana do final de
semana expôs um quadro lamentavelmente claro do desarranjo
atual de forças no PSDB, principal
partido de oposição no Brasil.
O senador Aécio Neves (MG) impôs uma derrota ao grupo de José
Serra (SP) na primeira batalha da
guerra interna para definir quem
disputará a Presidência da República, dentro de três anos.
Serra, na realidade, não saiu
menor do que entrou no evento tucano. O espaço do ex-governador
de São Paulo dentro do partido já
havia sido muito reduzido após o
pleito presidencial de 2010.
Aécio consolida assim, num primeiro momento, a tomada de comando de uma "nova geração"
dentro do PSDB. Isso não significa, como é óbvio, que os caminhos
de 2014 estejam definitivamente
traçados para a oposição. É usual
da política que o derrotado de hoje
seja o celebrado de amanhã, como
demonstra a trajetória de Geraldo
Alckmin, esmagado em 2008 e de
novo influente no partido.
É representativo do estado das
coisas no campo oposicionista
que o grande suspense tenha sido
a definição sobre quem comandaria o Instituto Teotônio Vilela
(ITV), órgão quase sem expressão.
A decisão de negar a Serra a chefia
do ITV, já recusada pelo próprio
alguns meses atrás, ganhou relevância só nas fileiras do partido.
Obcecados com seus projetos
personalistas, os tucanos parecem ter perdido de vista o mundo
real, em que o país carece de projetos e a presidente Dilma Rousseff enfrenta a sua primeira crise.
O governo federal atravessa um
período delicado. Sofreu uma
grande derrota no Congresso, na
votação do Código Florestal. O
principal parceiro da coalizão, o
PMDB, foi um dos artífices da derrocada, e as tratativas deram-se
na base de gritos e ameaças de
ambos os lados. Para completar, o
ministro mais poderoso, o articulador-mor Antonio Palocci, complica-se ao não elucidar seus milionários serviços de consultor.
Era o momento de o PSDB vir a
público com um programa alternativo e forte. Em vez disso, aecistas, serristas e alckmistas tentam
dar demonstrações de unidade
em público, mas se digladiam nos
bastidores, com o que desperdiçam a oportunidade de exercer o
papel que se espera da oposição.
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