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A VOLTA DA SUDENE
Criada em 1959 pelo presidente Juscelino Kubitschek a partir
de projeto do economista Celso Furtado, que veio a ser seu primeiro superintendente, a Sudene foi extinta
no governo Fernando Henrique Cardoso como um caso irrecuperável de
desvio de recursos e corrupção. Durante a campanha eleitoral, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se com o relançamento do
órgão, que teria papel relevante a
cumprir no combate aos desequilíbrios regionais.
A idéia do "ativismo governamental", ou seja, da maior mobilização
do Estado para estimular o desenvolvimento e corrigir falhas de mercado, foi um dos temas predominantes
na eleição de 2002, tendo sido compartilhado pelos dois principais concorrentes. Diante das posições mais
liberais assumidas pela gestão anterior, a idéia da retomada de políticas
ativas por parte do governo parece ter
recebido o aval da sociedade, que elegeu Lula. De fato, não se pode esperar que o mercado por si só coordene
as decisões econômicas, menos ainda numa economia tão desigual
quanto a brasileira.
Vista por esse ângulo, a volta da Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste tem aspectos positivos,
embora continuem pesando sobre
seu futuro as suspeitas de sempre.
Como se sabe, a antiga superintendência acabou instrumentalizada
por interesses clientelistas e propiciou diversas irregularidades. Quando deixou de existir, estimava-se em
R$ 2,2 bilhões a evasão de recursos.
No novo modelo, anunciado anteontem, o governo tomou precauções para tentar evitar que desvios
ocorram e venham a ser cobertos,
como de hábito, com recursos públicos. É difícil dizer se esses mecanismos funcionarão. Será preciso
aguardar para que se possa ter um
julgamento mais consistente sobre
essa nova Sudene de Lula.
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