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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003

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A VOLTA DA SUDENE

Criada em 1959 pelo presidente Juscelino Kubitschek a partir de projeto do economista Celso Furtado, que veio a ser seu primeiro superintendente, a Sudene foi extinta no governo Fernando Henrique Cardoso como um caso irrecuperável de desvio de recursos e corrupção. Durante a campanha eleitoral, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se com o relançamento do órgão, que teria papel relevante a cumprir no combate aos desequilíbrios regionais.
A idéia do "ativismo governamental", ou seja, da maior mobilização do Estado para estimular o desenvolvimento e corrigir falhas de mercado, foi um dos temas predominantes na eleição de 2002, tendo sido compartilhado pelos dois principais concorrentes. Diante das posições mais liberais assumidas pela gestão anterior, a idéia da retomada de políticas ativas por parte do governo parece ter recebido o aval da sociedade, que elegeu Lula. De fato, não se pode esperar que o mercado por si só coordene as decisões econômicas, menos ainda numa economia tão desigual quanto a brasileira.
Vista por esse ângulo, a volta da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste tem aspectos positivos, embora continuem pesando sobre seu futuro as suspeitas de sempre. Como se sabe, a antiga superintendência acabou instrumentalizada por interesses clientelistas e propiciou diversas irregularidades. Quando deixou de existir, estimava-se em R$ 2,2 bilhões a evasão de recursos.
No novo modelo, anunciado anteontem, o governo tomou precauções para tentar evitar que desvios ocorram e venham a ser cobertos, como de hábito, com recursos públicos. É difícil dizer se esses mecanismos funcionarão. Será preciso aguardar para que se possa ter um julgamento mais consistente sobre essa nova Sudene de Lula.


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