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CLÓVIS ROSSI
Uma pequena batalha perdida
MONTRÉAL-
Se é verdadeira a velha tese do Chacrinha, segundo a qual
quem não comunica se estrumbica,
então o Brasil vai se estrumbicar nas
negociações comerciais.
É formidável a incapacidade do governo brasileiro de fornecer informações à mídia em reuniões internacionais ou mesmo em viagens presidenciais ao exterior. Neste governo como
em anteriores, esclareça-se.
Diplomatas e membros da comitiva
presidencial atendem no máximo os
jornalistas brasileiros, como se o resto
do mundo não contasse.
O problema é recorrente e ficou crítico aqui em Montréal ao término da
miniconferência ministerial da
OMC. O Brasil tinha três ministros, o
maior número entre os 26 participantes, para não falar nos dois embaixadores que faziam parte do grupo negociador.
Dois deles (Celso Amorim, Relações
Exteriores, e Roberto Rodrigues,
Agricultura) viajaram logo cedo, antes da sessão final e, portanto, antes
das entrevistas de encerramento.
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) ficou, mas viajou logo após o encerramento sem falar com os jornalistas (a não ser com os dois únicos
brasileiros presentes).
Resultado: os jornalistas estrangeiros que acompanhavam o evento foram obrigados a entrevistar seus colegas brasileiros para saber a posição
do governo Lula. É ridículo.
Uma desculpa frequente de diplomatas brasileiros para esse tipo de
omissão é a de que a mídia estrangeira não tem interesse na posição brasileira. Pode ter sido verdade durante
muito tempo, mas, desde pelo menos
o governo anterior, o Brasil, com todas as suas mazelas, mas com todo o
seu tamanho, é, por isso mesmo, relevante na cena internacional.
Batalhas internacionais, políticas,
diplomáticas ou comerciais também
se ganham no terreno da informação. Se o Brasil não diz o que pensa, o
público que, no exterior, se interessa
pelo tema fica limitado à versão de
seus competidores.
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