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Dirigente do CNJ divulgou empresa a juízes

Promoção de software da Oracle, feita pelo secretário-geral do conselho, ocorreu um mês antes de empresa vencer licitação

IBM diz que concorrente foi favorecida pelo CNJ; Oracle afirma não ter havido irregularidade no processo de licitação

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

Vencedor de uma licitação que está sob investigação, um produto da empresa de informática Oracle recebeu divulgação do secretário-geral do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Fernando Florido Marcondes, em encontro dos tribunais do país, antes da conclusão da concorrência.

Trata-se de um software para criar o cadastro nacional unificado de processos judiciais do CNJ.

Durante discurso feito no Encontro Nacional do Judiciário, realizado em Porto Alegre, em novembro, Marcondes disse que o produto da Oracle havia motivado o CNJ a criar seu sistema.

Dias depois, em dezembro, foi publicado o edital da licitação para a compra do banco de dados, mas a empresa adversária IBM questionou a concorrência alegando direcionamento à Oracle.

O CNJ não considerou procedente o questionamento, e a empresa NTC, representante da Oracle, venceu a licitação com uma proposta no valor de R$ 68 milhões.

Durante o evento em que fez a divulgação do produto, Marcondes disse que ele já estava implantado em tribunais superiores e no Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina, Pernambuco, Sergipe e Alagoas

"E esse banco de dados [da Oracle] nos motivou a criar esse "datacenter" [sistema nacional de cadastro de processos], que será um grande desafio para o CNJ", disse.

O encontro na capital gaúcha reuniu representantes de 90 tribunais de todo o país.

ADESÃO DE TRIBUNAIS

O edital da licitação do CNJ trouxe a previsão de que "todos os tribunais deverão adequar suas soluções, se existirem, ou adquirir infraestrutura" para a criação do banco de dados nacional.

A concorrência foi feita pelo sistema intitulado "Ata de Registro de Preços", que permite a outros órgãos "pegar carona" nas condições da licitação do CNJ e comprar os produtos nela envolvidos sem a necessidade de novos procedimentos licitatórios.

Segundo o edital do CNJ, a necessidade da criação do sistema unificado é a razão pela qual se optou pela Ata de Registro de Preços, "como forma de facilitar a adesão pelos tribunais."

Após o questionamento da IBM, integrantes do conselho passaram a apurar se houve irregularidade na licitação.

Marcondes, que é o homem de confiança do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, é alvo de questionamentos por conselheiros do órgão, principalmente em relação à forma de conduzir licitações.

A atuação de Marcondes levou conselheiros a defender que o cargo de secretário-geral passe a ser escolhido pelo colegiado do órgão, e não pelo seu presidente, como ocorre hoje.

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