Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Índios comemoram, e proprietários se dizem injustiçados

GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR

Vitoriosos no STF (Supremo Tribunal Federal), os índios pataxós hã hã hães preparam uma festa para comemorar a anulação dos títulos de propriedades de centenas de fazendas no sul da Bahia.

A decisão da Corte é o desfecho de ação movida pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 1982. Ela abre caminho para a criação de uma reserva de 54 mil hectares, o que equivale a um terço da área da cidade de São Paulo.

"Essa decisão significa vida para um povo sofrido, que estava morrendo aos poucos. Não esperávamos o julgamento hoje, mas amanhã [hoje] deverá ter festa", disse Wilson de Souza, coordenador da Funai (Fundação Nacional do Índio) na região.

Os fazendeiros dos municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia expressaram desolação e revolta com a anulação dos títulos, concedidos pelo governo da Bahia em terras consideradas indígenas pelo Supremo.

"Já fui fazendeiro, mas agora não sou mais. Nunca houve índio aqui, mas agora dizem que tem, e eu e meus nove irmãos perdemos tudo porque o título de terra na Bahia não vale nada", disse Paulo Leite, um dos líderes ruralistas de Pau Brasil.

"É um absurdo e uma injustiça muito grande. Foram terras que foram compradas, ninguém é grileiro aqui", reclamou o fazendeiro Lissandro Resende.

A região de Pau Brasil é palco de um conflito fundiário que no mês passado deixou um funcionário de uma das fazendas morto e um pataxó baleado. Nenhum suspeito foi identificado.

Com a escalada da violência, o governo federal reforçou o policiamento na área. Há um efetivo de cerca de 120 homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal e da Polícia Militar da Bahia percorrendo estradas rurais da região.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.