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RIO DE JANEIRO
Após denúncias, candidatos buscam voto na Rocinha
Ao menos 5 candidatos, incluindo Gabeira, fizeram campanha na favela
Justiça Eleitoral recebeu denúncia de que traficantes de drogas cerceariam campanha no morro
MARCELO BORTOLOTI
DO RIO
Depois de a Justiça Eleitoral ter recebido denúncias de
que traficantes estariam cerceando a campanha eleitoral
na favela da Rocinha, no Rio,
e favorecendo o candidato a
deputado estadual André Lazaroni (PMDB), a comunidade foi palco ontem de uma
animada disputa por votos.
Ao menos cinco candidatos fizeram campanha pelas
ruelas da Rocinha. Mas, segundo moradores, o número
foi até maior.
O interesse dos políticos
tem razão de ser. A favela,
que fica na zona sul do Rio e é
uma das maiores da América
Latina, tem cerca de 100 mil
habitantes, segundo o governo do Estado. Ou 200 mil, de
acordo com a associação dos
moradores.
O primeiro a chegar foi o
candidato ao governo Fernando Gabeira (PV). Caminhou por uma feira livre próxima à entrada principal da
favela. Ao seu lado estavam
os candidatos a deputado estadual Paulo Pinheiro (PPS) e
Bernardinho (PV).
CURRAL ELEITORAL
O grupo de Gabeira percebeu a concorrência logo na
primeira ladeira. Enquanto
subia, uma passeata com
bandeiras do petista Lindberg Farias, que concorre ao
Senado, veio em sentido contrário. O candidato não estava presente.
Os cabos eleitorais de
Lindberg usavam camisetas
com o nome do vereador
Claudinho da Academia, que
em junho deste ano foi encontrado morto em sua casa
em circunstâncias suspeitas.
Claudinho, que era do
PSDC, foi acusado de formar
um curral eleitoral na favela
com ajuda de traficantes.
Mais adiante, o grupo de
Gabeira teve de se espremer
novamente. Dessa vez em razão da comitiva dos candidatos a deputado federal Júlio
Lopes (PP), que apoia seu
principal adversário, o governador Sérgio Cabral
(PMDB), e o deputado estadual William da Rocinha
(PRB), ex-presidente da
União Pró-Melhoramentos
da comunidade. Os candidatos se cumprimentaram.
Em toda a favela havia propaganda de diversos candidatos a deputado federal e
senador. Mas, para deputado
estadual, apenas de William
e André Lazaroni (PMDB).
A caminhada de Fernando
Gabeira e sua comitiva se restringiu a áreas de grande movimento. Ele não entrou em
becos mais perigosos.
LUGARES PERIGOSOS
O grupo foi conduzido por
Sérgio Crisóstomo, presidente da associação de moradores do Laboriaux, uma das
comunidades da Rocinha.
"Estou aqui para mostrar
onde pode entrar e onde não
pode. Hoje temos 20 candidatos fazendo campanha.
Qualquer um pode entrar, só
precisa saber se comportar."
Fernando Gabeira apertou
as mãos de moradores. Ouviu elogios e um bordão aparentemente conhecido na favela: "Quem fuma e cheira
vota em Gabeira".
No final da caminhada,
criticou Sérgio Cabral. "O governador não tem coragem
de vir pessoalmente à Rocinha, mas tem coragem de
mandar seus trabalhadores",
disse, fazendo alusão aos
funcionários das obras do
PAC (Plano de Aceleração do
Crescimento).
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