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nota A em CAPITALISMO
No doutorado de economia na Unicamp, Dilma Rousseff foi pior em disciplina sobre intervenção do Estado
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Quando foi indicada pelo
PT para ser candidata a presidente da República, em fevereiro passado, Dilma Rousseff defendeu um Estado forte e com "capacidade de planejar, gerir e induzir o desenvolvimento do país". Mas o
histórico escolar da petista
mostra desempenho melhor
na disciplina "interpretações
do capitalismo" do que em
"tópicos avançados de macroeconomia keynesiana".
Ao cursar doutorado em
economia, em 1998, na Unicamp, Dilma recebeu um
conceito A para a disciplina
sobre capitalismo e só um C
na que tratava dos conceitos
do economista John Maynard Keynes (1883-1946).
Keynes tornou-se célebre
por defender a intervenção
do Estado na economia como
forma induzir o crescimento
e de enfrentar eventuais crises cíclicas. Dilma não concluiu seu doutorado, mas
cumpriu todos os créditos.
A hoje candidata favorita
na disputa pelo Planalto frequentou o curso sobre keynesianismo ministrado em 1998
na Unicamp pelo atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Luciano Coutinho. Por meio de sua
assessoria, ele disse se recordar de Dilma como uma "aluna dedicada". O conceito C
equivale a regular e foi suficiente para a aprovação.
Procurada pelo jornal para
comentar seu desempenho
escolar, Dilma disse se lembrar das aulas de Luciano
Coutinho -hoje cotado para
ser ministro se ela vencer a
disputa presidencial. A candidata não soube, entretanto, detalhar os motivos para
ter recebido o conceito C.
Exceto pela nota mais modesta em "macroeconomia
keynesiana", a petista teve A
em todos os outros créditos
do seu doutorado inconcluso
(a tese não foi apresentada),
conforme demonstra seu histórico escolar. Os documentos foram fornecidos à Folha
pela própria Dilma.
Anos antes, em 1978, ela
havia se matriculado em um
mestrado em economia na
Unicamp. O curso também ficou incompleto porque a dissertação final não foi redigida pela aluna. Dilma passou
a exercer cargos públicos no
Rio Grande do Sul, sempre ligada a administrações comandadas pelo PDT.
No mestrado, a candidata
do PT teve bom desempenho
(conceito A) em disciplinas
como "evolução do capitalismo" e "padrões de desenvolvimento capitalistas". Seu
conceito mais baixo (B) foi
em "economia matemática".
Na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Dilma
cursou ciências econômicas
de 1974 a 1977. Na maioria
das disciplinas recebeu conceito A ou B. Seu único C foi
em "álgebra linear e geometria analítica 2".
O histórico escolar que a
candidata forneceu à Folha
traz suas notas desde o "clássico" (ensino médio) no Colégio Estadual Central, de Belo
Horizonte, onde ela começou
a militar no movimento estudantil, em 1964. Mesmo tendo forte atuação política e
muitas faltas (mais de 100
por ano), nunca ficou de "segunda época" (recuperação).
As médias de Dilma no último ano de ensino médio,
concluído em 1966, variaram
de 5,83 (em matemática) a
8,75 (em história). Em 1967,
ela prestou vestibular. Entrou na Face (Faculdade de
Ciências Econômicas) da
UFMG. Abandonou o curso
em 1969. Já militava na Polop
(Organização Revolucionária Marxista - Política Operária). Passou a viver na clandestinidade para combater a
ditadura vigente no país.
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