São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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nota A em CAPITALISMO

No doutorado de economia na Unicamp, Dilma Rousseff foi pior em disciplina sobre intervenção do Estado

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Quando foi indicada pelo PT para ser candidata a presidente da República, em fevereiro passado, Dilma Rousseff defendeu um Estado forte e com "capacidade de planejar, gerir e induzir o desenvolvimento do país". Mas o histórico escolar da petista mostra desempenho melhor na disciplina "interpretações do capitalismo" do que em "tópicos avançados de macroeconomia keynesiana".
Ao cursar doutorado em economia, em 1998, na Unicamp, Dilma recebeu um conceito A para a disciplina sobre capitalismo e só um C na que tratava dos conceitos do economista John Maynard Keynes (1883-1946).
Keynes tornou-se célebre por defender a intervenção do Estado na economia como forma induzir o crescimento e de enfrentar eventuais crises cíclicas. Dilma não concluiu seu doutorado, mas cumpriu todos os créditos.
A hoje candidata favorita na disputa pelo Planalto frequentou o curso sobre keynesianismo ministrado em 1998 na Unicamp pelo atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho. Por meio de sua assessoria, ele disse se recordar de Dilma como uma "aluna dedicada". O conceito C equivale a regular e foi suficiente para a aprovação.
Procurada pelo jornal para comentar seu desempenho escolar, Dilma disse se lembrar das aulas de Luciano Coutinho -hoje cotado para ser ministro se ela vencer a disputa presidencial. A candidata não soube, entretanto, detalhar os motivos para ter recebido o conceito C.
Exceto pela nota mais modesta em "macroeconomia keynesiana", a petista teve A em todos os outros créditos do seu doutorado inconcluso (a tese não foi apresentada), conforme demonstra seu histórico escolar. Os documentos foram fornecidos à Folha pela própria Dilma.
Anos antes, em 1978, ela havia se matriculado em um mestrado em economia na Unicamp. O curso também ficou incompleto porque a dissertação final não foi redigida pela aluna. Dilma passou a exercer cargos públicos no Rio Grande do Sul, sempre ligada a administrações comandadas pelo PDT.
No mestrado, a candidata do PT teve bom desempenho (conceito A) em disciplinas como "evolução do capitalismo" e "padrões de desenvolvimento capitalistas". Seu conceito mais baixo (B) foi em "economia matemática".
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dilma cursou ciências econômicas de 1974 a 1977. Na maioria das disciplinas recebeu conceito A ou B. Seu único C foi em "álgebra linear e geometria analítica 2".
O histórico escolar que a candidata forneceu à Folha traz suas notas desde o "clássico" (ensino médio) no Colégio Estadual Central, de Belo Horizonte, onde ela começou a militar no movimento estudantil, em 1964. Mesmo tendo forte atuação política e muitas faltas (mais de 100 por ano), nunca ficou de "segunda época" (recuperação).
As médias de Dilma no último ano de ensino médio, concluído em 1966, variaram de 5,83 (em matemática) a 8,75 (em história). Em 1967, ela prestou vestibular. Entrou na Face (Faculdade de Ciências Econômicas) da UFMG. Abandonou o curso em 1969. Já militava na Polop (Organização Revolucionária Marxista - Política Operária). Passou a viver na clandestinidade para combater a ditadura vigente no país.


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