|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Justiça derruba censura à imprensa no TO
TRE local cassa liminar de desembargador que proibia 86 veículos de publicarem denúncias contra governador
Relatório diz que Carlos Gaguim participou de fraudes em licitações, que causaram prejuízo de R$ 615 mi; ele nega
ESTELITA HASS CARAZZAI
JOÃO PAULO GONDIM
DE SÃO PAULO
O TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) do Tocantins derrubou ontem a decisão que
proibia veículos de comunicação de publicarem notícias
relacionando o governador
do Estado e candidato à reeleição, Carlos Gaguim
(PMDB), a um suposto esquema de fraudes em licitações.
A proibição havia sido ordenada na última sexta-feira
por um desembargador do
TRE, atendendo a um pedido
do próprio Gaguim.
O candidato argumentava
que as denúncias contra ele
haviam se tornado públicas
por vias ilegais, já que a investigação corre em segredo
de Justiça.
A relação dele com um suposto esquema de corrupção
é investigada pelo Ministério
Público de São Paulo.
Um relatório interno do órgão, que veio a público na última sexta-feira, afirma que o
governador teve "participação direta" em fraudes de licitações, com prejuízo estimado em R$ 615 milhões. Gaguim nega participação.
Na ocasião, o desembargador Liberato Póvoa, que possui parentes empregados no
governo, acatou a argumentação e concedeu uma liminar (decisão provisória) proibindo 86 veículos de noticiarem as denúncias.
"O que se veicula maliciosamente na mídia é fruto de
informação obtida por meio
de ilícito que, por si só, deveria ser rechaçado pela mídia", disse o juiz.
Ontem, o tribunal derrubou a decisão e acatou recurso do Ministério Público Federal, que pedia a extinção
da liminar baseado no princípio do sigilo da fonte.
"A origem da informação
não tem relevância para que
a imprensa possa noticiá-la",
argumentou a procuradoria,
que defendeu "o direito de
todos os cidadãos tocantinenses à informação".
Ontem pela manhã, a coligação de Gaguim havia pedido a extinção da liminar, depois que a notícia sobre a
proibição teve ampla repercussão na mídia.
Jornais locais protestaram
contra a decisão da Justiça. A
TV Band Tocantins, por
exemplo, divulgou uma receita de bolo em seu telejornal, logo após anunciar a decisão da Justiça.
"Foi uma forma de manifesto, para lembrar a época
do regime militar, do AI-5",
diz o diretor de jornalismo da
emissora, Fernando Hessel.
Também ontem, cerca de
2.000 pessoas protestaram
em frente ao TRE contra a decisão, numa manifestação
organizada pela campanha
de Siqueira Campos (PSDB),
adversário de Gaguim.
Em comício na noite de anteontem, Gaguim defendeu a
liberdade de imprensa e negou que estivesse a favor da
censura. "No nosso governo,
nunca teve e nunca haverá
mordaça. O que estão falando por aí é sinal de desespero", afirmou Gaguim.
O candidato afirmou que
houve um "erro de interpretação" por parte de sua assessoria jurídica ao fazer o
pedido à Justiça. Segundo
ele, a proibição deveria atingir apenas as propagandas
eleitorais de seu adversário
Siqueira Campos, e não a imprensa em geral.
Texto Anterior: Novo manifesto defende Lula das acusações de autoritarismo Próximo Texto: Perfil: Desembargador responde a dois processos no CNJ Índice | Comunicar Erros
|