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Do descobrimento
O Descobrimento do Brasil
Capistrano de Abreu
Martins Fontes (Tel. 0/xx/11/239-3677)
287 págs., R$ 24,00
Reedição enriquecida da coletânea de textos do nosso historiador
maior, João Capistrano de Abreu (1853-1927). Este livro magnífico
reproduz na íntegra a terceira edição (com o prefácio de José Honório Rodrigues), acrescida de um ensaio biobibliográfico de Hélio
Vianna. O leitor tem assim vários textos clássicos em um só livro,
certamente o mais importante desses tempos de comemorações.
O primeiro estudo é o "Descobrimento do Brasil - Seu Desenvolvimento no Século 16", escrito em 1883. Nele, Capistrano analisa as
pretensões francesas (Jean Cousin), espanholas (Vicente Pinzon e
Diego de Lepe) e portuguesas (Pedro Álvares Cabral) sobre o descobrimento do Brasil. Apesar de defender a primazia dos espanhóis
(tese ainda discutida), resolve de uma vez que "sociologicamente falando, os portugueses foram os descobridores do Brasil".
O segundo texto, publicado em 1900, trata da viagem de Cabral e
de questões conexas. Do mesmo ano, é o terceiro estudo sobre o povoamento do solo e a evolução social. Seguem um estudo crítico da
carta de Caminha (de 1908) e dois artigos publicados na sessão "História Pátria" da "Revista Kosmos" (1905) sobre a armada de Vespúcio e as disputas entre portugueses e franceses.
A Construção do Brasil: Ameríndios,
Portugueses e Africanos, do Início do
Povoamento a Finais de Quinhentos
Jorge Couto
Edições Cosmos, Portugal (Tel. 00/351/1/799-9950)
408 págs., R$ 35,00
Do Descobrimento, naquele 22 de abril de 1500, até o final do século 16, o território onde hoje demora o Brasil foi objeto de uma série
de experiências e tentativas da Coroa portuguesa para a sua integração à economia-mundo européia. Jorge Couto, historiador português, apresenta-nos neste livro sobre a construção do Brasil uma
análise das relações entre os ameríndios e os portugueses, e entre esses e os africanos.
O livro está centrado em três tópicos essenciais: a natureza das sociedades indígenas, a "época do contato" e o processo de colonização. Apesar de se tratar de versão portuguesa de um livro destinado
ao público hispano-americano, sua leitura é valiosa neste nosso contexto de poucas letras. O leitor iniciante, por exemplo, terá contato
com um balanço muito bem feito da bibliografia sobre o povoamento da América do Sul e sobre as primitivas (no sentido de primeiras)
sociedades indígenas.
Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas: Um
Ensaio Sobre a Formação das Fronteiras do Brasil
Synesio Sampaio Goes Filho
Martins Fontes (Tel. 0/xx/11/239-3677)
322 págs., R$ 24,50
Mais do que um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil,
esta é uma história da descoberta, conquista e legitimação deste vasto território. Podemos assim definir esse primoroso livro do atual
embaixador brasileiro em terras portuguesas, especialista em história diplomática.
Na primeira parte, o autor estuda os navegantes: Colombo, Vespúcio e Cabral. Três homens que descobriram os caminhos que ligaram a Europa ao chamado Novo Mundo. Mas, anos antes da chegada de Cabral à América, uma fronteira já não havia sido, ao menos,
imaginada no Tratado de Tordesilhas? A segunda parte deste livro
focaliza, então, a atividade dos chamados "bandeirantes" e de que
maneira acabaram por legitimar a superação dos limites de Tordesilhas. A última parte do livro é dedicada ao trabalho dos diplomatas:
Alexandre de Gusmão, Duarte da Ponte Ribeiro e, por fim, Rio Branco e a consolidação de nossos limites.
Valioso pela erudição e pela clareza da argumentação, este ensaio
prende-se, contudo, a uma interpretação territorial da formação do
Brasil, hoje criticada pela historiografia mais atenta à inserção peculiar da colônia na geografia do Império português.
Do Novo Mundo ao Universo Heliocêntrico: os
Descobrimentos e a Revolução Copernicana
Luiz Carlos Soares
Hucitec (Tel. 0/xx/11/240-9318)
278 págs., R$ 34,00
Em 1410, Manuel Chrysoloras e Jacopo Angiolo terminaram a tradução do grego para o latim da obra de Ptolomeu, escrita em meados do século 2. A "Geografia", como eles a chamaram, conheceria
então maior difusão pela Europa do Renascimento, sendo impressa,
pela primeira vez, em 1475. Sua imagem do mundo rompia com as
teses dominantes de uma terra plana e combinava-se com uma mudança na atitude mental dos europeus, envolvidos com o processo
de expansão da economia-mundo. A redescoberta de Ptolomeu preparava estes homens para a grande aventura marítima dos séculos
15 e 16. Contudo, os resultados da expansão ultramarina iriam solapar as bases da geografia ptolomaica, produzindo uma verdadeira
revolução cartográfica. A consciência desta nova geografia e a comprovação da esfericidade do mundo permitiriam o ponto de partida
para a negação de uma noção geocêntrica do universo. Nicolau Copérnico, em meados do século 16, propunha uma nova representação do universo onde o Sol era o centro em torno do qual os outros
orbes giravam. Neste trabalho de síntese, Luiz Carlos Soares, estuda
as causas desta revolução copernicana, relacionando as transformações do pensamento europeu no final das Idade Média àquelas advindas das expedições marítimas portuguesas e espanholas.
PEDRO PUNTONI
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