Ribeirão Preto, Domingo, 1 de novembro de 1998

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Número de inquéritos policiais militares desde 96 é proporcionalmente maior na região do que no Estado
Investigações atingem 20% do efetivo

da Reportagem Local

O número de IPMs (Inquéritos Policiais Militares) abertos na região de Ribeirão Preto nos últimos três anos representa a investigação de 20% do efetivo da área do 3º Batalhão de Polícia Militar.
Desde 96, foram abertos 248 inquéritos na região de Ribeirão Preto para um efetivo de 1.231 policiais, segundo a PM.
No Estado de São Paulo, o número de IPMs abertos é equivalente a 9% do total do efetivo. O Estado tem 82.450 policiais militares e registrou 7.354 inquéritos desde 96.
O tenente-coronel Edison Flora da Silva, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar de Ribeirão Preto, afirma que o número de inquéritos não é alto.
"Sempre que há o indício de crime ou mesmo a dúvida, abrimos o inquérito, mas a maioria deles é arquivada", afirma ele.
Nos últimos três anos, apenas 67 policiais foram indiciados e, desses, apenas cinco foram demitidos ou expulsos da corporação nos inquéritos já encerrados.
Segundo a PM, os dois policiais acusados de matar os três jovens na chacina em setembro também devem ser expulsos, mas o inquérito ainda não foi concluído. Os acusados estão no presídio militar Romão Gomes, em São Paulo.
O ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, afirma que o número de inquéritos é alto. "É preciso haver uma mudança no comportamento da ação policial, com mais respeito à população."
Segundo o ouvidor, a implantação do Proar deve ajudar a provocar essa mudança.
"No Canadá, se o policial tira a arma do coldre, mesmo que não atire, é afastado. Com o Proar, vamos inibir esse tipo de atitude no Estado", afirma o ouvidor.

Polícia Comunitária
O promotor de Justiça Criminal Djalma Marinho Cunha Filho afirma que a implantação da Polícia Comunitária é um dos motivos que ajudaram a reduzir o número de IPMs em Ribeirão Preto.
"Além de aproximar o policial da comunidade, como o PM trabalha sempre, teoricamente, na mesma área e no mesmo horário, ele é mais facilmente identificado."
Para o promotor, isso provocou uma contenção daqueles que, eventualmente, tivessem a intenção de agir violentamente.
Segundo Cunha Filho, a redução do número de IPMs na cidade foi o primeiro efeito do caso de Diadema. "As reações da população obrigaram uma retração no comportamento dos policiais."
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão Preto, Cid Velludo Salvador, afirma que, apesar de o número de IPMs ser alto, não pode ser considerado absurdo pelo tipo de ação que o PM exerce.
De acordo com ele, há PMs sendo investigados da mesma forma que há profissionais de outras áreas. "O fato de o comando abrir inquéritos para investigar as atitudes suspeitas é um sinal de preocupação em esclarecer."



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