Ribeirão Preto, Domingo, 1 de novembro de 1998

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Fascistas se refugiaram

da enviada especial

Embora fosse um centro fascista, a sede do movimento em Taquaritinga foi invadida e a bandeira italiana incendiada quando a Itália ingressou na 2ª Guerra Mundial.
Segundo o historiador Arnaldo Ruy Pastore, os filhos dos fascistas foram levados a fazendas da região com medo da repressão.
"Essa foi a parte triste da história do movimento", diz Pastore.
O secretário do fascismo em Taquaritinga, Ernesto Pagliuso, reconhecia no ditador italiano Benito Mussolini um líder em conflito consigo mesmo, embora fosse amigo do italiano.
Segundo seu filho, o médico cardiologista Vitório Pagliuso, seu pai tornou-se fascista por ver Mussolini transformar a Itália numa das maiores potências do mundo, mas deixou de lado o movimento depois que o ditador resolveu entrar na 2ª Guerra Mundial.
"Meu pai guardava no meio de seus livros escritos de Jung -discípulo de Freud- sobre Mussolini e concordava com a análise sobre o ditador", diz Vitório.
Ernesto, segundo Vitório, acreditava que um conflito interno foi o motivo que levou Mussolini à guerra mundial. Quando Ernesto ouviu pelo rádio que a Itália havia entrado na 2ª Guerra, chorou.
"Ele sabia que seria o fim da Itália, que iria perder parentes."
Em uma das cartas enviadas por seu sobrinho, datada de 24 de julho de 1945, foi informado que quatro sobrinhos haviam morrido. A carta trazia o carimbo da censura italiana e apresenta manchas escuras no papel. "As manchas podem ter sido lágrimas que oxidaram o papel", disse Vitório.



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