Ribeirão Preto, Sábado, 3 de julho de 1999

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ADMINISTRAÇÃO
Só com a mudança nos ônibus e a desativação de terminal, são 4.000 atingidos por dia em Ribeirão
Crise na saúde e transporte afeta 5.000

Lucio Piton/Folha Imagem
Demitidos da Transerp assinam aviso prévio na empresa ontem


ALESSANDRO SILVA
LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

As mudanças no transporte coletivo em Ribeirão Preto, em vigor a partir de hoje com a desativação do terminal Carlos Gomes, mais a redução de salário e de jornada de trabalho dos servidores municipais, que atingiu a saúde, devem prejudicar 5.250 pessoas por dia, segundo cálculo feito pela Folha.
Só no transporte, cerca de 4.000 pessoas por dia não poderão usar o sistema de integração que funcionava no terminal entre ônibus da Transerp S/A (Empresa de Transporte Urbano de Ribeirão Preto) e que será extinto a partir de hoje.
Isso quer dizer que essas pessoas vão, no mínimo, dobrar seus gastos com transporte. Antes, o passageiro saía de um ônibus da empresa e podia tomar outro, da Transerp mesmo, sem pagar nova passagem. Isso acabou.
As permissionárias Transcorp, Andorinha e Rápido D'Oeste assumiram as linhas da Transerp, que ligavam bairros ao centro.
O número de passageiros afetados corresponde a 2,5% dos usuários, de acordo com a própria Transerp, que agora ficará como gestora do sistema no município.
A empregada doméstica Maria Senhora Vieira dos Santos, 46, que utilizava a integração, vai passar a andar a pé. "Não tenho condição de pagar mais. Venho da minha casa até o centro e vou a pé para o trabalho", afirmou ela.
As novas donas das linhas têm 90 dias para colocar em funcionamento um sistema de integração, por meio eletrônico, que permitirá seu uso em toda a frota.
Até lá, serão 120 mil passageiros prejudicados por mês.
A Transerp demitiu ontem 210 funcionários da área operacional, com a promessa de recolocá-los nas empresas permissionárias. Contudo haverá redução de salários.
Os horários e as rotas das antigas linhas da Transerp, cobertas antes pelos trólebus, serão mantidos.
Os cortes na saúde devem afetar o atendimento para 1.250 pessoas diariamente, de acordo com estimativa do Sindicato dos Médicos do Nordeste do Estado.
O prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB) anunciou a redução esta semana e disse que as medidas tinham com objetivo enquadrar a folha de pagamento à lei, ou seja, ela deve representar 60% do que o município arrecada.
Com a redução de 25% na carga horária dos profissionais que trabalham 40 horas semanais na rede municipal de saúde, serão cortadas em média 500 consultas agendadas por dia. Cada médico atende quatro pacientes por hora.
O horário de atendimento nas unidades de saúde será alterado a partir da próxima sexta-feira.
Das cinco distritais, apenas duas serão mantidas funcionando 24 horas. As unidades do Sumarezinho, Castelo Branco e Vila Virgínia passarão a funcionar das 7h às 19h, assim como as 25 UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
Nas distritais que ficarão fechadas à noite, também será suspenso o pronto atendimento durante o dia, o que vai obrigar cerca de 750 pessoas a irem a até outras distritais para serem atendidas.
Para o assistente técnico da Secretaria da Saúde, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, somente 5% dos casos recebidos no pronto atendimento são de fato emergências.
"Estamos privilegiando o agendamento e a população não deve ser prejudicada. O que deve acontecer é uma confusão nas primeiras semanas com a mudança dos horários de funcionamento."
As farmácias de unidades básicas de saúde também deixarão de funcionar. Ficarão abertas apenas as cinco distritais por 12 horas.
Também está em estudo a abertura em cinco unidades básicas, mas por seis horas diárias.



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