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Ouvidoria investiga violência policial
PM de Sertãozinho é alvo de denúncias por supostos excessos na abordagem de pessoas e até por agressões
Guarda Civil também é acusada; ouvidor pediu afastamento dos envolvidos, mas todos continuam trabalhando
PAULO GODOY
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO
A história recente da cidade de Sertãozinho, com 111
mil habitantes, está ligada à
evolução do setor sucroalcooleiro nacional. Nos últimos meses, no entanto, outra
questão também tem feito a
cidade ficar conhecida: a violência policial.
Em um período de um ano,
a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e a Comissão Teotônio Vilela, de defesa dos direitos humanos, receberam diversas denúncias
de excesso de força de policiais militares e também de
guardas civis municipais.
A Folha teve acesso a seis
denúncias, com boletins de
ocorrência registrados. Três
situam PMs em perseguições, agressões com socos e
até ferimentos à bala.
O ouvidor, Luis Gonzaga
Dantas, pediu formalmente o
afastamento de todos os policiais envolvidos, o que até
agora não aconteceu.
O comando da PM de Sertãozinho disse que apura as
denúncias, mas defende cautela nas acusações. A chefia
da Guarda Civil Municipal
diz não ver erros (leia texto
nesta página).
Os casos restringem-se aos
PMs integrantes da Força Tática, tropa considerada de
elite. Em três situações, o
abuso é incontestável, segundo relato à Folha de familiares e testemunhas.
Um deles envolve a advogada Eugênia Maria Mauri
Giani. Após discutir com policiais que, segundo ela, pretendiam entrar na casa de
uma cliente, Giani conta que
passou a ser ameaçada.
Um dia, conta que o subtenente Ribeiro a alertou:
"Doutorinha, cuidado, você
tem uma filha".
"Desde então, não tive
mais sossego. Minha filha,
que tem cinco anos, não pode ver um carro de polícia
que começa a chorar. Ninguém imagina o que é viver
com o medo constante de ser
abordada na rua."
Em março, a mãe de um
adolescente de 15 anos, que
já teve envolvimento com
drogas, conta que o filho dirigia um carro quando começou a ser perseguido por
PMs. Os policiais, pelo relato,
atiraram no carro. Um dos
disparos atingiu o rapaz nas
costas, perfurando fígado,
rim e pulmão.
Testemunhas contam que
o carro guiado pelo adolescente "desapareceu" e só foi
apresentado pelos PMs quatro horas depois. A mãe conta que, no dia seguinte, o
mesmo subtenente Ribeiro
foi a sua casa e sugeriu que ficasse calada, ou o policial
"sumiria" com ela.
Em abril, nova denúncia:
um adolescente de 17 anos
entra na garagem, segundo
ele, fugindo da polícia. A
mãe diz que tentou impedir a
entrada de PMs e levou coronhadas na cabeça. Os homens ainda deram socos e
chutes no rapaz, conta a
mãe, até que ele desmaiasse.
Uma parente, ao tentar chamar um advogado, foi levada
pelos PMs à delegacia. No caminho, diz, recebeu socos.
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