Ribeirão Preto, Sexta, 6 de novembro de 1998

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CASO SELMA
Luiz Carlos Bento, que vai defender acusado de matar prostituta, tenta evitar que empresário seja ouvido
Novo advogado quer adiar depoimento

da Reportagem Local

O advogado Luiz Carlos Bento quer impedir que o empresário Pablo Russel Rocha, acusado de assassinar a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, em Ribeirão Preto, seja ouvido hoje pela Justiça.
Ontem à tarde, Bento protocolou o pedido na Vara do Júri, afirmando que assumiu o caso anteontem e não havia tido tempo para discutir como será a defesa com o acusado.
O advogado substituiu Said Issa Hallah, que anunciou a saída do caso na véspera do depoimento.
Até as 20h, o juiz Luís Augusto Freire Teotônio não havia aceitado o pedido de adiamento.
O depoimento de Rocha está marcado desde a semana passada para hoje à tarde.
Ele é acusado de ter arrastado a garota de programa, presa pelo braço à lateral de sua camionete, em 11 de setembro passado.
O empresário já foi denunciado pela Promotoria sob a acusação de homicídio doloso (intencional) e pode pegar, no mínimo, caso seja condenado de acordo com o pedido do promotor, 16 anos de prisão.
Hallah disse que se desligou do caso porque sua presença estaria prejudicando o acusado.
Segundo o advogado, a Justiça estaria vinculando o caso ao do empresário Marcelo Cury, acusado de homicídio e também defendido por ele. Cury está em liberdade.
Rocha está preso desde o dia 14 de setembro, quando se apresentou para prestar depoimento à polícia.
Bento disse ontem que havia analisado o inquérito policial, mas deveria falar com Rocha hoje de manhã, na Cadeia de Vila Branca.
O novo advogado afirmou que irá mudar a tese de defesa e tentará anular a denúncia feita pela promotoria e provocar o arquivamento do caso.
De acordo com Bento, Selma se prendeu ao cinto de segurança acidentalmente, como Rocha descreveu em seu depoimento. "Portanto, não cometeu nem homicídio culposo (crime sem intenção)".
Segundo ele, a modalidade culposa desse crime exige previsibilidade do ato. "O que não aconteceu, porque ele afirma não ter percebido o corpo."
O advogado anterior disse, no início do caso, que tentaria provar que houve homicídio culposo.
Bento tentaria anular a denúncia feita pela Promotoria, alegando que a Justiça errou ao substituir o promotor que cuidava do caso, Djalma Marinho Cunha Filho.
"O promotor se negou a denunciar porque precisava de mais diligências e não pediu o arquivamento, o que poderia gerar a intervenção da Procuradoria", afirmou.
Um novo promotor foi designado para o caso pelo procurador-geral Luiz Antonio Guimarães Marrey.



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