Ribeirão Preto, Domingo, 11 de abril de 1999

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HISTÓRIA
Justiça de Ribeirão proíbe demolição de prédio tombado que remonta ao início da industrialização na cidade
Liminar veta destruição de antiga fábrica

LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

Uma liminar judicial tenta impedir a destruição do antigo prédio das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, um dos principais edifícios históricos de Ribeirão Preto.
A liminar foi concedida na última semana pelo juiz José Durval Feltrin, da 5ª Vara Cível de Ribeirão, com base em ação civil pública impetrada pelo promotor Marcelo Pedroso Goulart.
Segundo Goulart, os próprios grupos proprietários do prédio desativado estão demolindo o antigo complexo industrial.
"A intenção dos proprietários é ir destruindo o prédio aos poucos para que ninguém perceba e por isso decidimos tomar essa atitude", disse o promotor.
O prédio pertence à Franlease Arrendamento Mercantil e ao Banco Itaú. A Folha não localizou representante da Franlease para falar sobre o assunto.
Procurada durante todo o dia de anteontem, a assessoria de imprensa do Itaú em São Paulo não se manifestou sobre o assunto.

Material
Segundo o promotor de Ribeirão, já foi detectada a retirada pela própria empresa de material como calhas, tubulação e ferragens do prédio desativado.
"É uma atitude de irresponsabilidade cultural e demonstra desrespeito à lei. Os proprietários do prédio o destruíram propositalmente, mesmo sabendo que era ilegal", afirmou Goulart.
Além da fábrica de estamparia da família Matarazzo, no prédio funcionou a Ciane (Companhia Nacional de Estamparia S/A), que foi uma das maiores empresas da cidade em meados deste século. O prédio foi construído na década de 30, segundo Goulart.
Lei municipal de 94 considerou o prédio desativado de importância histórica e ele foi tombado.
Isso significa que qualquer intervenção no local precisa ser autorizada pelo Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural).

Embargo
Antes de a Justiça conceder a liminar, uma vistoria feita no local pela Secretaria do Planejamento e Gestão Ambiental já havia detectado a destruição do prédio.
"A secretaria embargou uma possível demolição para tentar preservar o prédio, que é de importância histórica e representa um marco da industrialização da cidade", afirma a arquiteta Valéria Valadão, chefe da Divisão de Planejamento e Projetos de Obras Particulares da Secretaria do Planejamento de Ribeirão Preto.
De acordo com ela, que é uma das principais estudiosas da história arquitetônica da cidade, a indústria teve grande importância econômica na primeira metade do século em Ribeirão Preto.
"Após a crise do café, a fábrica de estamparia deu um impulso muito grande à cidade", afirmou a arquiteta Valéria.



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