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HISTÓRIA
Justiça de Ribeirão proíbe demolição de prédio tombado que remonta ao início da industrialização na cidade
Liminar veta destruição de antiga fábrica
LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão
Uma liminar judicial tenta impedir a destruição do antigo prédio
das Indústrias Reunidas Francisco
Matarazzo, um dos principais edifícios históricos de Ribeirão Preto.
A liminar foi concedida na última semana pelo juiz José Durval
Feltrin, da 5ª Vara Cível de Ribeirão, com base em ação civil pública
impetrada pelo promotor Marcelo
Pedroso Goulart.
Segundo Goulart, os próprios
grupos proprietários do prédio desativado estão demolindo o antigo
complexo industrial.
"A intenção dos proprietários é
ir destruindo o prédio aos poucos
para que ninguém perceba e por
isso decidimos tomar essa atitude", disse o promotor.
O prédio pertence à Franlease
Arrendamento Mercantil e ao
Banco Itaú. A Folha não localizou
representante da Franlease para
falar sobre o assunto.
Procurada durante todo o dia de
anteontem, a assessoria de imprensa do Itaú em São Paulo não se
manifestou sobre o assunto.
Material
Segundo o promotor de Ribeirão, já foi detectada a retirada pela
própria empresa de material como
calhas, tubulação e ferragens do
prédio desativado.
"É uma atitude de irresponsabilidade cultural e demonstra desrespeito à lei. Os proprietários do prédio o destruíram propositalmente,
mesmo sabendo que era ilegal",
afirmou Goulart.
Além da fábrica de estamparia da
família Matarazzo, no prédio funcionou a Ciane (Companhia Nacional de Estamparia S/A), que foi
uma das maiores empresas da cidade em meados deste século. O
prédio foi construído na década de
30, segundo Goulart.
Lei municipal de 94 considerou o
prédio desativado de importância
histórica e ele foi tombado.
Isso significa que qualquer intervenção no local precisa ser autorizada pelo Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural).
Embargo
Antes de a Justiça conceder a liminar, uma vistoria feita no local
pela Secretaria do Planejamento e
Gestão Ambiental já havia detectado a destruição do prédio.
"A secretaria embargou uma
possível demolição para tentar
preservar o prédio, que é de importância histórica e representa
um marco da industrialização da
cidade", afirma a arquiteta Valéria
Valadão, chefe da Divisão de Planejamento e Projetos de Obras
Particulares da Secretaria do Planejamento de Ribeirão Preto.
De acordo com ela, que é uma
das principais estudiosas da história arquitetônica da cidade, a indústria teve grande importância
econômica na primeira metade do
século em Ribeirão Preto.
"Após a crise do café, a fábrica de
estamparia deu um impulso muito
grande à cidade", afirmou a arquiteta Valéria.
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