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Corte da cana fecha 23 mil vagas, diz estudo
Pesquisa da Unesp de Jaboticabal aponta que o número de vagas caiu 12,7% no Estado num período de apenas dois anos
Segundo pesquisador, a queda já era esperada por causa da mecanização da colheita, mas não em volume tão grande
DA FOLHA RIBEIRÃO
A mecanização do corte da
cana-de-açúcar tem reduzido
significativamente o número
de vagas para trabalhadores
nos canaviais do Estado. É o
que mostra pesquisa da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Jaboticabal, de junho de 2007 a
junho deste ano, que diz que o
total de boias-frias caiu 12,7%.
Em números absolutos, são
quase 23 mil postos de trabalho
a menos. A pesquisa avaliou os
números que compõem a Rais
(Relação Anual de Informações
Sociais) e o Caged (Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do
Trabalho e Emprego.
Segundo o professor José
Giacomo Baccarin, do Departamento de Economia Rural da
faculdade, em junho de 2007
eram 179.561 trabalhadores
contratados para o corte da cana no Estado. O número de registrados no ano seguinte, em
junho de 2008, caiu 2,19%, para
um total de 175.662.
Já em junho deste ano, a queda foi ainda maior (10,84%) e o
total de boias-frias contratados
para atuar no Estado de São
Paulo foi de 156.627.
Segundo Baccarin, a queda
no número de contratados para
o corte da cana já era esperada
por causa do aumento da mecanização da colheita, mas não
em volume tão grande.
Apesar disso, de acordo com
ele, os boias-frias continuam
representando a principal força
de trabalho do setor sucroalcooleiro e significam cerca de
50% do total dos empregados
na atividade no país.
O pesquisador disse que o levantamento mostrou que os
cortadores de cana vêm sendo
substituídos por operadores de
máquinas agrícolas, mas a
abertura de vagas é inferior ao
fechamento de postos de trabalho no campo. De 2007 a 2009,
o total de operadores de máquinas contratados cresceu 14%,
mas em números absolutos a
alta é de 3.700, bem menor que
os 23 mil boias-frias demitidos.
Para Baccarin, a falta de qualificação entre a maior parte
dos cortadores de cana dificulta
a recolocação profissional, como a migração dos trabalhadores do corte manual para a operação de colheitadeiras, por
exemplo. "As máquinas são sofisticadas, o que dificulta."
Para amenizar o problema de
fechamento de vagas, o professor afirma que uma das alternativas mais importantes é a criação de programas de qualificação profissional, para permitir
a migração dos trabalhadores
que perderam espaço no corte
da cana para outras atividades
produtivas.
Outra alternativa, segundo
ele, seria o fortalecimento de
ações de apoio à agricultura familiar nas regiões de origem
dos migrantes que se dirigem
ao corte da cana em São Paulo.
Segundo Baccarin, isso ajudaria a criar oportunidades de
trabalho para os boias-frias em
suas próprias regiões de origem, principalmente o Vale do
Jequitinhonha (MG) e os Estados do Maranhão e Piauí.
Para a Pastoral do Migrante
de Guariba, o trabalho feito pela entidade com os cortadores
de cana reflete o fechamento
das vagas, mas não tão "dramático" como a pesquisa da Unesp.
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