Ribeirão Preto, Sábado, 13 de Novembro de 1999

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VIOLÊNCIA
Legista afirma que acusado não arrastou garota de programa; Promotoria rechaça nova perícia
Laudo reabre discussão do caso Selma

MARCELO TOLEDO
free-lance para a Folha Ribeirão

Um parecer apresentado ontem pelo legista George Sanguinetti contraria a tese de que Pablo Russel Rocha amarrou em um carro e arrastou até a morte a prostituta Selma Heloísa Artigas da Silva.
O crime ocorreu em setembro de 98, em Ribeirão.
O parecer de Sanguinetti, contratado pelo advogado de defesa do acusado, reabre a discussão sobre o caso, um dos mais bárbaros já registrados na cidade.
Para a Promotoria, o laudo apresentado por Sanguinetti não tem validade como prova judicial. "O trabalho feito até agora foi conclusivo", disse o promotor José Vicente Pinto Ferreira.
Apesar de afirmar que Rocha não teve culpa no crime, o laudo de Sanguinetti também não indica como a garota se prendeu ao cinto de segurança do veículo.
Selma morreu após ser arrastada por cerca de dois quilômetros pelo veículo Pajero de Rocha.
A defesa alegou que Selma teria ficado presa no cinto de segurança ao descer do carro e que Rocha não teria percebido que o corpo de Selma estava sendo arrastado.
Segundo o legista, para chegar à conclusão, foi necessário refazer o trajeto que a camionete Pajero fez no dia do acidente.
O legista disse ainda que não foram encontrados vestígios de nó no punho de Selma, o que excluiria a possibilidade de ela ter sido amarrada por Rocha. "Ela não foi amarrada. Isso é fundamental", disse Sanguinetti.
Já o laudo apresentado pelo IC (Instituto de Criminalística), de São Paulo, dias após o crime, descartou a possibilidade de acidente. O laudo diz que a garota foi presa pelo braço esquerdo.
Segundo o parecer do IML de São Paulo, ela foi amarrada por um nó duplo de forca.
O laudo apresentado ontem é apenas preliminar. De acordo com Sanguinetti, as informações foram antecipadas porque Rocha está preso há mais de um ano. "O laudo definitivo deverá estar pronto em 30 dias", afirmou.
O advogado de Rocha, Luís Carlos Bento, afirmou que pretende anexar o parecer como prova da inocência de seu cliente.
Segundo Bento, a perícia oficial possui contradições. "Pedi a convocação dos peritos que trabalharam no caso para explicarem."


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