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Grupos de teatro carecem de estrutura
Existem cerca de 60 companhias em Ribeirão, com dificuldade para montar espetáculos e encontrar local para ensaios
Grupos alugam sedes em casas ou fazem parceria para usar salas de aulas de ONGs; secretaria propõe financiar algumas peças
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ribeirão, palco de teatros do
naipe do Pedro 2º, vislumbra
receber um festival de teatro a
partir do ano que vem. Para que
possa sediar o evento, porém, a
cidade precisa primeiro organizar sua própria casa: os grupos
locais carecem de estrutura, já
que muitos não têm registro
como empresa, sede própria
para ensaiar, patrocinadores fixos e publicidade.
Existem aproximadamente
60 grupos de teatro na cidade,
incluindo amadores, segundo
estimativa do ator Gilson Filho,
diretor do grupo Ribeirão em
Cena, um dos principais da cidade. Desses, 60% estão ainda
se organizando. A companhia
criou a peça "Um Grito Parado
no Ar", que ao lado de "Berenice", do grupo de teatro Queratina, foi selecionada para o Festival de Teatro de Curitiba (PR),
neste mês.
A Secretaria da Cultura disse
não ter um cadastro completo
das companhias, mas estima
que aproximadamente 15 têm
cunho profissional e se apresentam com regularidade nos
teatros locais. A secretária
Adriana Silva disse que começou um trabalho de organizar
os grupos e há projeto de financiar peças (leia texto ao lado).
Alguns artistas reclamam de
não ter apoio para fazer suas
montagens teatrais. É o caso do
ator Mateus Barbassa, 27, diretor do grupo Acima do Bem e do
Mal. "Capitais conseguem viabilizar recursos para os grupos,
via lei de fomento, mas aqui
não existe essa iniciativa."
Alguns grupos de teatro alugaram espaços para ensaiar, como o Engasga Gato, que acaba
de alugar o andar superior do
prédio Diederichsen.
A maior dificuldade está em
encontrar financiamento para
as montagens, segundo a atriz
Poliana Savegnago, 23. "Por
mais que tenhamos teatros e
espaços alternativos, o problema hoje não é onde apresentar,
mas a produção. É ter verbas
inclusive para pesquisa."
O grupo, por exemplo, precisou passar 20 dias no norte de
Minas Gerais para criar a peça
"Teus Passo, Teus Guia". O custo foi de R$ 1.400.
Diante da falta de espaço,
companhias precisam apelar
para a criatividade. O Cebrat
(Companhia do Estômago Brasileiro de Teatro), criado em
2005, tem parceria com uma
ONG sediada na antiga Cerâmica São Luiz. Os atores ensaiam na sala onde acontece o
cursinho popular. "É adaptado,
mas é o que tínhamos para ensaiar", afirmou o ator e diretor
Giba Freitas, 23.
O grupo Boccaccione, criado
em 2006, sobrevive com recursos dos atores e com o chapéu,
passado ao término de cada
apresentação de rua.
A companhia paga R$ 500 de
aluguel de uma casa para ensaios. "Falta uma lei de fomento, que a prefeitura deveria mobilizar", disse o diretor João
Paulo Fernandes. Uma das
coordenadoras do curso de teatro do Centro Universitário Barão de Mauá, Miriam Fontana,
48, disse sentir falta da figura
profissional do produtor, a
ponte entre o dinheiro e a realização da montagem. "Estando
no interior, o grupo precisa por
vezes deixar o trabalho de ator
para envolver-se em muitas
funções que vão além do que é o
seu papel."
(JULIANA COISSI)
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