Ribeirão Preto, Domingo, 15 de Março de 2009

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Grupos de teatro carecem de estrutura

Existem cerca de 60 companhias em Ribeirão, com dificuldade para montar espetáculos e encontrar local para ensaios

Grupos alugam sedes em casas ou fazem parceria para usar salas de aulas de ONGs; secretaria propõe financiar algumas peças

DA FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão, palco de teatros do naipe do Pedro 2º, vislumbra receber um festival de teatro a partir do ano que vem. Para que possa sediar o evento, porém, a cidade precisa primeiro organizar sua própria casa: os grupos locais carecem de estrutura, já que muitos não têm registro como empresa, sede própria para ensaiar, patrocinadores fixos e publicidade.
Existem aproximadamente 60 grupos de teatro na cidade, incluindo amadores, segundo estimativa do ator Gilson Filho, diretor do grupo Ribeirão em Cena, um dos principais da cidade. Desses, 60% estão ainda se organizando. A companhia criou a peça "Um Grito Parado no Ar", que ao lado de "Berenice", do grupo de teatro Queratina, foi selecionada para o Festival de Teatro de Curitiba (PR), neste mês.
A Secretaria da Cultura disse não ter um cadastro completo das companhias, mas estima que aproximadamente 15 têm cunho profissional e se apresentam com regularidade nos teatros locais. A secretária Adriana Silva disse que começou um trabalho de organizar os grupos e há projeto de financiar peças (leia texto ao lado).
Alguns artistas reclamam de não ter apoio para fazer suas montagens teatrais. É o caso do ator Mateus Barbassa, 27, diretor do grupo Acima do Bem e do Mal. "Capitais conseguem viabilizar recursos para os grupos, via lei de fomento, mas aqui não existe essa iniciativa."
Alguns grupos de teatro alugaram espaços para ensaiar, como o Engasga Gato, que acaba de alugar o andar superior do prédio Diederichsen.
A maior dificuldade está em encontrar financiamento para as montagens, segundo a atriz Poliana Savegnago, 23. "Por mais que tenhamos teatros e espaços alternativos, o problema hoje não é onde apresentar, mas a produção. É ter verbas inclusive para pesquisa."
O grupo, por exemplo, precisou passar 20 dias no norte de Minas Gerais para criar a peça "Teus Passo, Teus Guia". O custo foi de R$ 1.400.
Diante da falta de espaço, companhias precisam apelar para a criatividade. O Cebrat (Companhia do Estômago Brasileiro de Teatro), criado em 2005, tem parceria com uma ONG sediada na antiga Cerâmica São Luiz. Os atores ensaiam na sala onde acontece o cursinho popular. "É adaptado, mas é o que tínhamos para ensaiar", afirmou o ator e diretor Giba Freitas, 23.
O grupo Boccaccione, criado em 2006, sobrevive com recursos dos atores e com o chapéu, passado ao término de cada apresentação de rua.
A companhia paga R$ 500 de aluguel de uma casa para ensaios. "Falta uma lei de fomento, que a prefeitura deveria mobilizar", disse o diretor João Paulo Fernandes. Uma das coordenadoras do curso de teatro do Centro Universitário Barão de Mauá, Miriam Fontana, 48, disse sentir falta da figura profissional do produtor, a ponte entre o dinheiro e a realização da montagem. "Estando no interior, o grupo precisa por vezes deixar o trabalho de ator para envolver-se em muitas funções que vão além do que é o seu papel." (JULIANA COISSI)


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