Ribeirão Preto, Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2009

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Após inesperada chuva de granizo, região vê estragos

Restinga, a cidade mais atingida, perdeu plantações de cana, milho, hortaliças, frutas

Rodovia ainda tinha gelo ontem; meteorologista diz que a tempestade foi causada pelas pesadas nuvens cumulus nimbus


DOUGLAS SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A RESTINGA

Uma inesperada chuva de granizo anteontem causou estragos e deixou prejuízos para fazendeiros e moradores de Restinga, na região de Franca. Só em duas propriedades que tinham plantações de cana e milho, as perdas estimadas chegam a R$ 650 mil.
O gelo forrou e interditou a rodovia Candido Portinari por 15 minutos. Ontem, 12 horas após a chuva, o gelo ainda era visível na rodovia. Além disso, uma casa foi destruída. Não houve feridos.
O meteorologista Marcelo Pinheiro, do Climatempo, diz que o gelo se formou a cerca de 16 km do solo. "Essa tempestade é causada por um tipo especifico de nuvem, a cumulus nimbus, que é muito carregada e concentrada. O monitoramento desse tipo de chuva só é possível através de radares meteorológicos", disse Pinheiro.
Segundo ele, nesta época do ano é comum ocorrer chuvas de granizo em várias partes do Estado. "Já tivemos neste mês várias chuvas em outras regiões, mas nada como essa de Restinga", disse Pinheiro.
A prefeitura ainda não acabou de contabilizar os estragos. Segundo o secretário de Agricultura da cidade, Gabriel Anawate, a cana e as hortaliças num raio de dois quilômetros foram dizimadas.
A cidade foi a mais atingida pelo fenômeno, mas Patrocínio Paulista e Altinópolis também sofreram estragos.
O granizo afetou principalmente pequenos produtores de Restinga. Na fazenda São José, não sobrou nada. Toda a plantação de milho se perdeu "A safra não tem mais salvação. Vamos ter que limpar e plantar tudo de novo", disse o caseiro Romildo da Silva Bruno, 33.
"A fazenda tem 50 alqueires. Tudo que era cultivado eu perdi", disse o dono da fazenda, Luís Carlos Rodrigues. Nas duas propriedades que há na região, Rodrigues estima o prejuízo em R$ 400 mil.
Toda a parte de hortaliça ficou irreconhecível. "Tinha buraco nos pepinos, melancias e abóboras, além de ter acabado com toda a plantação de laranjas, limão, abacaxi e feijão", afirmou o caseiro.

Casa cai
No assentamento Boa Sorte, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a tempestade provocou a queda de uma árvore sobre a casa de Maria Helena Celestiano, que ficou destruída.
Ela morava com os dois filhos um menino de quatro anos, e uma menina de seis. "A árvore já fazia muito barulho quando começava a chover. Aí, com medo, nós fomos para a casa do meu pai que fica aqui do lado", disse. O pai dela, Ladislau Celestino da Rocha, 64, disse que, no momento em que a árvore caiu, eles nem ouviram nada porque o barulho da chuva era muito alto.


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