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Após inesperada chuva de granizo, região vê estragos
Restinga, a cidade mais atingida, perdeu plantações de cana, milho, hortaliças, frutas
Rodovia ainda tinha gelo ontem; meteorologista diz que a tempestade foi causada pelas pesadas nuvens cumulus nimbus
DOUGLAS SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A RESTINGA
Uma inesperada chuva de
granizo anteontem causou estragos e deixou prejuízos para
fazendeiros e moradores de
Restinga, na região de Franca.
Só em duas propriedades que
tinham plantações de cana e
milho, as perdas estimadas
chegam a R$ 650 mil.
O gelo forrou e interditou a
rodovia Candido Portinari por
15 minutos. Ontem, 12 horas
após a chuva, o gelo ainda era
visível na rodovia. Além disso,
uma casa foi destruída. Não
houve feridos.
O meteorologista Marcelo
Pinheiro, do Climatempo, diz
que o gelo se formou a cerca de
16 km do solo. "Essa tempestade é causada por um tipo especifico de nuvem, a cumulus
nimbus, que é muito carregada
e concentrada. O monitoramento desse tipo de chuva só é
possível através de radares meteorológicos", disse Pinheiro.
Segundo ele, nesta época do
ano é comum ocorrer chuvas
de granizo em várias partes do
Estado. "Já tivemos neste mês
várias chuvas em outras regiões, mas nada como essa de
Restinga", disse Pinheiro.
A prefeitura ainda não acabou de contabilizar os estragos.
Segundo o secretário de Agricultura da cidade, Gabriel Anawate, a cana e as hortaliças num
raio de dois quilômetros foram
dizimadas.
A cidade foi a mais atingida
pelo fenômeno, mas Patrocínio
Paulista e Altinópolis também
sofreram estragos.
O granizo afetou principalmente pequenos produtores de
Restinga. Na fazenda São José,
não sobrou nada. Toda a plantação de milho se perdeu "A safra não tem mais salvação. Vamos ter que limpar e plantar tudo de novo", disse o caseiro Romildo da Silva Bruno, 33.
"A fazenda tem 50 alqueires.
Tudo que era cultivado eu perdi", disse o dono da fazenda,
Luís Carlos Rodrigues. Nas
duas propriedades que há na
região, Rodrigues estima o prejuízo em R$ 400 mil.
Toda a parte de hortaliça ficou irreconhecível. "Tinha buraco nos pepinos, melancias e
abóboras, além de ter acabado
com toda a plantação de laranjas, limão, abacaxi e feijão",
afirmou o caseiro.
Casa cai
No assentamento Boa Sorte,
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra),
a tempestade provocou a queda
de uma árvore sobre a casa de
Maria Helena Celestiano, que
ficou destruída.
Ela morava com os dois filhos
um menino de quatro anos, e
uma menina de seis. "A árvore
já fazia muito barulho quando
começava a chover. Aí, com
medo, nós fomos para a casa do
meu pai que fica aqui do lado",
disse. O pai dela, Ladislau Celestino da Rocha, 64, disse que,
no momento em que a árvore
caiu, eles nem ouviram nada
porque o barulho da chuva era
muito alto.
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