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INFÂNCIA RECUPERADA 2
Programas existentes para recuperar jovens são apenas paliativos, diz Marcelo Goulart
Falta política pública, afirma promotor
DA FOLHA RIBEIRÃO
A falta de política pública faz
com que os programas de atendimento às crianças e adolescentes
existentes em Ribeirão Preto sejam apenas paliativos, segundo o
promotor da Infância e da Juventude Marcelo Pedroso Goulart.
Ele também cobra maior participação da sociedade nessas propostas, não apenas doando dinheiro ou produtos às entidades,
mas ajudando em novos projetos
e cobrando soluções.
"Não estou criticando o trabalho das entidades. Ele é necessário
e muito bem feito. Mas esse deveria ser apenas um apoio das políticas públicas existentes e não a
única saída, como é hoje."
Ele disse que não existe um programa eficaz de atendimento às
famílias. "O certo seria garantir
saúde, lazer, educação e esporte a
todos e não só às crianças e adolescentes atingidos diretamente."
Uma resolução do Conselho
dos Direitos da Criança e do Adolescente criou a Raica (Rede de
Atendimento Integral à Criança e
ao Adolescente) há cerca de um
ano, dividindo a cidade em cinco
regiões, que depois se unem para
discutir as políticas adotadas.
No entanto, a rede, de acordo
com o promotor, ainda não está
em pleno funcionamento.
"A Raica integra a área médica,
a de educação, a social. São feitas
reuniões periódicas nos bairros.
Os problemas de cada local são
discutidos e a partir daí é feito o
encaminhamento de soluções para essas crianças. Acredito que essa é a política pública que com
certeza daria certo."
Goulart disse também que o
conselho deveria ser mais independente para agir. "Normalmente, ele deve ser formado por
representantes da sociedade civil
e das entidades assistenciais. Como no caso de Ribeirão é formado só por representantes das entidades e elas precisam da verba
municipal, o órgão acaba ficando
dependente da prefeitura."
De acordo com a Promotoria, a
falta de política pública limita o
trabalho. "Se houvesse um número maior de programas haveria
mais condições de cobrar que eles
fossem implantados de fato. É o
que estamos fazendo, lutando pela Raica. Mas deveria haver outros
projetos nesse sentido."
Goulart afirma que o perfil dos
problemas da infância e da juventude mudou na década de 90. As
ruas deixaram de ser o pior problema nessa área.
"Em 1994, peguei o início do envolvimento dos menores com o
tráfico, não como usuários, mas
como participantes ativos do tráfico para a sobrevivência."
(CAROLINA ALVES)
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