Ribeirão Preto, Domingo, 25 de Setembro de 2011

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Estudo detecta lesões entre sapateiros

Trabalho da USP identifica até mesmo doenças como depressão por causa do emprego em fábricas de Franca

Sindicato das empresas diz que fiscalização e trabalho da entidade fizeram cair total de lesões e acidentes

JULIANA COISSI

DE RIBEIRÃO PRETO

Uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto com trabalhadores da indústria calçadista de Franca identificou casos de lesões físicas e até doenças mentais, como depressão, por possível consequência da pressão no trabalho.
As reclamações são comuns entre os trabalhadores ouvidos no estudo: ambientes abafados, com pouca iluminação, excesso de ruído e pressão para atingir a meta.
A dissertação de mestrado, orientada pela professora Vera Lúcia Navarro, apontou algumas doenças citadas pelos sapateiros que podem ter sido provocadas no trabalho.
São casos de LER (lesões por esforços repetitivos) e ferimentos e dores lombares.
Mas os relatos também revelaram dores além do físico. Estresse, ansiedade, tristeza e até quadros de depressão foram citados como reações ao afastamento do trabalho depois das lesões.
"A pessoa já se sente triste por não conseguir mais trabalhar. E isso se agrava porque nem sempre a empresa reconhece que a lesão foi provocada pelo trabalho", disse a psicóloga Dathiê de Mello Franco Benatti, autora do estudo.
Outra reclamação são as barreiras encontradas na esfera pública, como a demora da perícia do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) em reconhecer a incapacidade do trabalhador.
As condições das fábricas são apontadas como desencadeadoras das dores. Quedas de pressão e falta de ar, por exemplo, foram relatados como reações ao ambiente sem boa ventilação.
Os sapateiros também reclamaram do barulho em algumas fábricas e de terem de manipular produtos químicos com forte cheiro. O excesso de horas extras também foi citado como forma de estresse.
Segundo Dathiê, funcionários de grandes fábricas e terceirizados dizem não ter parado de trabalhar até mesmo no Natal e no Ano Novo para garantir as encomendas.
A pesquisa, de caráter qualitativo, ouviu 20 trabalhadores de fábricas ou que trabalham em suas casas.

OUTRO LADO
José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), que representa as empresas, disse que casos de lesões e acidentes no trabalho têm diminuído nas fábricas.
"[Isso ocorre] Até porque a fiscalização [nas empresas] está rigorosa", afirmou o empresário do setor.
Há quatro anos, a entidade oferece aos associados a opção de um técnico em segurança do trabalho inspecionar as fábricas para propor adequação à lei.
No período, 28 locais já foram visitados. Franca possui 468 indústrias do setor.


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