Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Julho de 2001

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ECONOMIA 2
Telefônica não comenta o assunto; Rui Ribeiro e Afonso Duarte dizem que a manobra é permitida pela lei
Para ex-diretores, artifício usado foi legal

DA FOLHA RIBEIRÃO

Para ex-diretores da Ceterp (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto S.A.), o artifício contábil que a Telefônica usou no balanço de 99 da empresa municipal foi feito dentro da legalidade.
"Não fizeram nada fora do que a lei permite dentro dos aspectos contábeis", afirmou o delegado regional do Corecon (Conselho Regional de Economia) e membro do conselho de administração da Ceterp entre 97 e 99, Afonso Reis Duarte.
O ex-presidente da Ceterp Rui Salgado Ribeiro não quis opinar sobre o prejuízo, mas afirmou que os balanços das companhias de capital aberto podem ser alterados antes de serem entregues à CVM (Companhia de Valores Mobiliários), o que só acontece no início de abril.
A Telefônica incluiu no balanço de 99 da Ceterp o provisionamento de R$ 33 milhões para a realização de um PDIV (Programa de Demissões Incentivadas e Voluntárias), R$ 11,9 milhões para a revisão das taxas de depreciação dos bens da empresa, R$ 4,9 milhões para a baixa de bens e R$ 10,4 milhões para o pagamento de impostos que estavam sendo discutidos na Justiça.
De acordo com Duarte, a inclusão ou não desses valores fazem parte da política contábil adotada pelas administrações das empresas de capital aberto.
"Você pode ser mais agressivo ou mais conservador. A legislação permite isso. Quando o Jábali entrou, ele fez a mesmo coisa em relação ao Palocci. Mudaram muito as práticas", disse o economista, se referindo à alteração na postura da administração da Ceterp durante a gestão de Luiz Roberto Jábali (PSDB) na prefeitura em relação ao governo anterior, do petista Antônio Palocci Filho.
Para provar sua tese, Duarte apresenta dados. Em 96, último ano da gestão de Palocci, a receita da Ceterp foi de R$ 131,99 milhões e o lucro, de R$ 6,9 milhões. Já em 97, ano em que Jábali assumiu, apesar de a receita ter subido para R$ 157,6 milhões, o lucro caiu para R$ 1,229 milhão.
Salgado explicou que, naquele ano, foram incluídos no balanço provisionamentos para o pagamento de impostos federais que a empresa não pagou durante um ano e que estavam sendo cobrados na Justiça.
"Essa mudança de postura é normal, e os números mostram isso", disse Duarte.
A Telefônica não quis comentar o assunto. A Folha procurou anteontem, às 12h, a assessoria de imprensa da empresa em Araraquara. Por volta das 16h, a assessoria informou que a Telefônica não iria se pronunciar oficialmente sobre o assunto. (ES)

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