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Região cerebral atingida por bala e por arpão não é vital
DA REPORTAGEM LOCAL
Casos como o do menino Samuel e do mergulhador Emerson são incomuns na medicina
e costumam ser considerados
"milagres", especialmente por
causa da recuperação sem sequelas nos dois casos.
Segundo especialistas consultados pela Folha, tanto o
projétil quanto o arpão atingiram regiões no lobo frontal do
cérebro, uma área "não vital".
Durante anos, essa região chegou a ser retirada em uma cirurgia chamada lobotomia
frontal, para tratar casos de
pessoas agressivas.
"As pontas dos lobos frontais
são chamadas de regiões não
eloquentes ou silentes. Isso significa que elas não exercem
uma função fundamental, elas
não são responsáveis pela visão, pela fala, ou pela parte motora da pessoa. Pacientes que
sofrem de epilepsia, por exemplo, costumam ter essa região
do cérebro removida para ficar
sem crises", explica o neurocirurgião Arthur Cukiert, do
Hospital Estadual Brigadeiro.
De acordo com a neurocirurgiã Julieta Gonçalves Silva, da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo), tanto Samuel
quanto Emerson tiveram muita sorte e sobreviveram por
"centímetros", pois o projétil e
o arpão percorreram áreas do
cérebro "teoricamente sem
função" e se alojaram em uma
região silente. "Se a família não
tivesse percebido, o menino
poderia viver anos com a bala
alojada na cabeça. Não aconteceria absolutamente nada."
Cukiert lembra que muitos
ex-combatentes de guerra convivem normalmente com projéteis alojados no cérebro. "Na
maior parte dos casos, o projétil causa estragos. Por isso, a
maioria das pessoas fica com
sequelas graves, mas nem sempre é necessário tirar o projétil.
Se ele se estilhaçar, por exemplo, nem tem como ser retirado", explica.
(FB)
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