São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Região cerebral atingida por bala e por arpão não é vital

DA REPORTAGEM LOCAL

Casos como o do menino Samuel e do mergulhador Emerson são incomuns na medicina e costumam ser considerados "milagres", especialmente por causa da recuperação sem sequelas nos dois casos.
Segundo especialistas consultados pela Folha, tanto o projétil quanto o arpão atingiram regiões no lobo frontal do cérebro, uma área "não vital". Durante anos, essa região chegou a ser retirada em uma cirurgia chamada lobotomia frontal, para tratar casos de pessoas agressivas.
"As pontas dos lobos frontais são chamadas de regiões não eloquentes ou silentes. Isso significa que elas não exercem uma função fundamental, elas não são responsáveis pela visão, pela fala, ou pela parte motora da pessoa. Pacientes que sofrem de epilepsia, por exemplo, costumam ter essa região do cérebro removida para ficar sem crises", explica o neurocirurgião Arthur Cukiert, do Hospital Estadual Brigadeiro.
De acordo com a neurocirurgiã Julieta Gonçalves Silva, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), tanto Samuel quanto Emerson tiveram muita sorte e sobreviveram por "centímetros", pois o projétil e o arpão percorreram áreas do cérebro "teoricamente sem função" e se alojaram em uma região silente. "Se a família não tivesse percebido, o menino poderia viver anos com a bala alojada na cabeça. Não aconteceria absolutamente nada."
Cukiert lembra que muitos ex-combatentes de guerra convivem normalmente com projéteis alojados no cérebro. "Na maior parte dos casos, o projétil causa estragos. Por isso, a maioria das pessoas fica com sequelas graves, mas nem sempre é necessário tirar o projétil. Se ele se estilhaçar, por exemplo, nem tem como ser retirado", explica. (FB)


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