São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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Entrevista

Bactérias na rede

A bióloga Maria Ligia Carvalhal, pesquisadora aposentada do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, sempre gostou de jogos. Só a partir de 1995, no entanto, eles deixaram de ser apenas diversão para se tornarem parte de suas atividades profissionais. Naquele ano, ela passou a criar jogos pedagógicos inspirados nos tradicionais e nos games de computador. A intenção era ensinar microbiologia a alunos dos ensinos fundamental e médio, principalmente a relação dos microrganismo com a vida das pessoas. Hoje, os jogos de Maria Ligia estão disponíveis na internet para download gratuito (www.icb.usp.br/%7ebmm/jogos/geral.html) e um deles pode ser jogado diretamente no computador.
 

Folha - Como surgiu a idéia de criar jogos pedagógicos?
Maria Ligia Carvalhal -
Quando meu filho entrou na escola, percebi que a metodologia de ensino de microbiologia deixava muito a desejar. Não havia, por exemplo, nenhuma relação entre o conhecimento sobre os micróbios que causam doenças e os nossos hábitos de higiene. O ensino estava desvinculado da vida.

Folha - Qual o objetivo dos seus jogos?
Maria Ligia -
É uma tentativa de trocar as tabelas dos livros didáticos com nomes de microrganismos, formas de prevenção e tratamento por atividades lúdicas, capazes de trazer o mundo dos micróbios para o cotidiano dos alunos.

Folha - Quantos jogos já desenvolveu?
Maria Ligia -
Seis, três dos quais já estão disponíveis na internet. O "MicroLigue", um jogo de associações, no qual o aluno deve associar 300 palavras a 20 imagens ou cenários, "A Viagem do Átomo de Nitrogênio", uma espécie de RPG que permite a construção do ciclo geoquímico do nitrogênio e o "Viajando com o Sr. Mutans", o jogo da cárie, também tipo RPG. Nele, as crianças fazem uma "viagem" passando por várias estações onde elas aprendem o processo de formação das cáries. Os outros ainda não estão na internet. Um deles, o "Biota", tem conteúdo que engloba todos os grupos de seres vivos. Em outro jogo, chamado "PontoCrítico", um jogo de detetive, ocorre uma intoxicação alimentar. O jogador tem de descobrir o microrganismo que causou a intoxicação, onde ela ocorreu e qual foi a ação que a gerou. O terceiro jogo é o "MicroMonte", no qual o jogador tem de montar uma célula com todas as organelas.

Folha - As escolas podem usar seus jogos?
Maria Ligia -
Há algumas particulares que já os utilizam como auxílio didático. Além disso, temos aplicado alguns jogos em escolas públicas. Nessas ocasiões, realizamos avaliações junto a professores e alunos. Em todas as ocasiões, os alunos nos pedem para voltar com mais jogos. Eles sempre dizem que gostaram muito e contam as coisas que aprenderam durante o jogo. É muito gratificante.
Evanildo da Silveira

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