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"TUPI OR NOT TUPI?"
Ubatuba foi cenário de filme sobre alemão
Nomes das ruas despertaram curiosidade de cineasta sobre a história de Hans Staden ainda na infância
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não é possível saber a localização exata da aldeia de Ubatuba para onde Hans Staden foi
levado após sua captura pelos
índios. O território dos tupinambás era extenso - e os desenhos feitos pelo alemão mostram a ilha Grande, o que reforça a teoria de que a aldeia ficava
próxima de onde hoje está Angra dos Reis (RJ).
Isso não impede, no entanto,
que a Ubatuba do litoral norte
paulista pague seu tributo à
memória do aventureiro alemão. Há na cidade uma rua
com o nome de Staden, e outra
batizada de Cunhambebe, o temido chefe tupinambá que encontrou o artilheiro durante
seu tempo de cativeiro.
O museu histórico de Ubatuba, que fica na praça Nóbrega,
8, no centro, e funciona de segunda a sábado, das 9h às 12h e
das 14h às 17h (entrada gratuita), hoje batizado de Museu
Histórico Washington de Oliveira, já foi conhecido como
museu Hans Staden, como uma
espécie de apelido.
Foram os nomes das ruas de
Ubatuba que despertaram a curiosidade do cineasta Luiz Alberto Pereira, 57, sobre a história do alemão. "Eu sempre fui a
Ubatuba, desde criança, e perguntava aos mais velhos sobre
Staden", diz. Décadas depois,
ele levaria as aventuras do alemão às telas de cinema - escolhendo Ubatuba como cenário.
A escolha da cidade se deu
por vários motivos. "Primeiro,
teve a questão afetiva. Conheço
Ubatuba há muitos anos. Segundo, a questão da produção: a
cidade oferecia condições mais
fáceis, tivemos apoio da prefeitura, conta Pereira.
O local escolhido para as filmagens foi o bairro do Corcovado. "Nós precisávamos de um
lugar sem construções altas,
para que as filmagens não fossem comprometidas. A locação,
naquela época, quase não tinha
construções, era bem apropriada", diz o cineasta, que dirigiu e
preparou o roteiro do filme.
No local foi construída uma
aldeia indígena, com ocas de sapé. A construção recebeu a consultoria do líder indígena Álvaro Tucano, dos índios tucanos
da Amazônia.
"Ele ficou uma semana em
Ubatuba, acabou se perdendo
na mata. Ele dizia: "Eu não sabia
que em Ubatuba tinha tanta
mata assim!" Ficou empolgado", relembra Pereira.
A aldeia seria desmanchada
após o término das filmagens
de "Hans Staden", mas isso acabou não acontecendo.
"Uma pessoa tinha combinado com a Prefeitura de Ubatuba
manter a aldeia como uma espécie de museu, e ela foi ficando, mas depois não fizeram
mais nada", diz o cineasta.
Ironicamente, o terreno em
que a aldeia foi construída para
o filme foi invadido, algum
tempo depois, por índios. "As
ocas acabaram caindo, acho
que agora não restou nenhuma
lá", afirma Pereira.
(MARINA DELLA VALLE)
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