São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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"TUPI OR NOT TUPI?"

Ubatuba foi cenário de filme sobre alemão

Nomes das ruas despertaram curiosidade de cineasta sobre a história de Hans Staden ainda na infância

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é possível saber a localização exata da aldeia de Ubatuba para onde Hans Staden foi levado após sua captura pelos índios. O território dos tupinambás era extenso - e os desenhos feitos pelo alemão mostram a ilha Grande, o que reforça a teoria de que a aldeia ficava próxima de onde hoje está Angra dos Reis (RJ).
Isso não impede, no entanto, que a Ubatuba do litoral norte paulista pague seu tributo à memória do aventureiro alemão. Há na cidade uma rua com o nome de Staden, e outra batizada de Cunhambebe, o temido chefe tupinambá que encontrou o artilheiro durante seu tempo de cativeiro.
O museu histórico de Ubatuba, que fica na praça Nóbrega, 8, no centro, e funciona de segunda a sábado, das 9h às 12h e das 14h às 17h (entrada gratuita), hoje batizado de Museu Histórico Washington de Oliveira, já foi conhecido como museu Hans Staden, como uma espécie de apelido.
Foram os nomes das ruas de Ubatuba que despertaram a curiosidade do cineasta Luiz Alberto Pereira, 57, sobre a história do alemão. "Eu sempre fui a Ubatuba, desde criança, e perguntava aos mais velhos sobre Staden", diz. Décadas depois, ele levaria as aventuras do alemão às telas de cinema - escolhendo Ubatuba como cenário.
A escolha da cidade se deu por vários motivos. "Primeiro, teve a questão afetiva. Conheço Ubatuba há muitos anos. Segundo, a questão da produção: a cidade oferecia condições mais fáceis, tivemos apoio da prefeitura, conta Pereira.
O local escolhido para as filmagens foi o bairro do Corcovado. "Nós precisávamos de um lugar sem construções altas, para que as filmagens não fossem comprometidas. A locação, naquela época, quase não tinha construções, era bem apropriada", diz o cineasta, que dirigiu e preparou o roteiro do filme.
No local foi construída uma aldeia indígena, com ocas de sapé. A construção recebeu a consultoria do líder indígena Álvaro Tucano, dos índios tucanos da Amazônia.
"Ele ficou uma semana em Ubatuba, acabou se perdendo na mata. Ele dizia: "Eu não sabia que em Ubatuba tinha tanta mata assim!" Ficou empolgado", relembra Pereira.
A aldeia seria desmanchada após o término das filmagens de "Hans Staden", mas isso acabou não acontecendo.
"Uma pessoa tinha combinado com a Prefeitura de Ubatuba manter a aldeia como uma espécie de museu, e ela foi ficando, mas depois não fizeram mais nada", diz o cineasta.
Ironicamente, o terreno em que a aldeia foi construída para o filme foi invadido, algum tempo depois, por índios. "As ocas acabaram caindo, acho que agora não restou nenhuma lá", afirma Pereira.
(MARINA DELLA VALLE)


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