São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Filhos de imigrantes ainda servem a graspa, aguardente que ajuda a enfrentar o frio de até 8C negativos

Caxias do Sul retrata saga italiana no Estado

VIVIANE JORGE
ENVIADA ESPECIAL A CAXIAS DO SUL

Caxias do Sul, situada a 130 km de Porto Alegre, transformou-se num retrato fiel dos 120 anos de colonização italiana no Rio Grande do Sul, iniciada em 1875. De terra farta e generosa e clima favorável à produção de vinho, o Estado foi o pouso perfeito para os italianos ávidos por trabalho em um pedaço de chão que a terra de origem não podia mais oferecer.
Entre os primeiros imigrantes italianos não havia apenas agricultores, mas também marceneiros, funileiros, ourives e outros artesãos que ajudaram a consolidar a vocação industrial da região, além de proporcionar auto-suficência para a então Colônia Caxias -sua denominação oficial por volta de 1878.
A cidade também era conhecida por Campo dos Bugres, em referência aos primeiros habitantes da região, os índios caingangues.
O atual nome, Caxias do Sul, foi oficializado em 1944, quando aconteceu a fixação da divisa territorial da cidade e ao termo "Caxias" foi incorporado um indicativo da sua localização geográfica.
A existência de outras colônias de imigrantes no Estado tornou possível a comercialização da produção excedente de vinho, banha, queijos, embutidos e graspa -tipo de aguardente feito à base de bagaço de uvas-, que, como no tempo dos primeiros imigrantes, ainda é servida com café para esquentar o corpo durante o rigoroso inverno da cidade, onde chega a nevar e cujas temperaturas mais baixas chegam a 8C negativos.
A culinária da região é notável por misturar as origens italiana e gaúcha. Destacam-se o churrasco, o vinho, a polenta, o galeto e as massas, como a deliciosa sopa de agnollini (capelete). Esqueça a dieta e aproveite.
A produção de uva e vinho inseriu Caxias na rota turística do país a partir da realização da primeira Festa da Uva, em 1931. Hoje o evento, que acontece a cada dois anos, é nacionalmente conhecido.
Apesar de ser predominantemente industrial, a segunda maior cidade do Rio Grande do Sul preserva as melhores características da região: clima ameno, vinhos e uvas deliciosos, comida farta, gente bonita e a hospitalidade do povo gaúcho, que se orgulha de sua cultura e mantém as tradições com muito cuidado.
A "Pérola das Colônias", com 400 mil habitantes, tem um comércio muito forte e conta com vários shoppings. Além disso, é um importante centro industrial de malhas e exporta seus produtos para diversos países.

Fé e história
A fé católica dos imigrantes marca fortemente a cidade, que já teve a denominação de vila de Santa Tereza de Caxias, por abrigar uma paróquia à santa.
Já a catedral Diocesana, que começou a ser construída em 1895 e possui vitrais alemães multicoloridos, é inspirada na basílica de Santo Antônio de Bolonha, na Itália. Essa igreja está localizada na praça Dante Alighieri, que possui pisos e monumentos em forma de cachos de uva.
A igreja de São Pelegrino abriga obras do pintor italiano Aldo Locatelli. É famosa também a réplica da "Pietá", de Michelangelo, doada pelo papa Paulo 6º na comemoração dos cem anos de imigração italiana no Rio Grande do Sul.
Na região, também é conhecida a Nossa Senhora de Caravaggio, santa de devoção do técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, que morou em Caxias do Sul e sempre agradece à santa por suas vitórias.
O museu Municipal tem um grande acervo de referências à imigração e também possui importante coleção de arte sacra.
O monumento ao Imigrante fica na entrada da cidade, na BR-116. Mostra um casal de imigrantes moldados em bronze e homenageia a sua contribuição à história do Brasil.
Estando em Caxias, não se pode perder um passeio pelo vale dos Vinhedos, que fica muito próximo à cidade, entre Bento Gonçalves e Garibaldi. As vinícolas mais visitadas são Miolo, Chandon e Aurora, onde acontecem aulas de enólogos, almoços, degustações e caminhadas. Nas noites de terça a domingo, o Espetáculo de Som e Luz conta a saga da imigração italiana na região.


Viviane Jorge viajou a convite da rede hoteleira Intercity


Texto Anterior: Desfile de chimarrão embala visita a feira
Próximo Texto: Museu exibe dia-a-dia do colono
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.