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Vida à indiana desfila ao longo das escadarias
NA ÍNDIA
A vida fervilha nas outras
97 escadarias que contornam o leito do rio Ganges. A
rotina das "ghats" vai do casamento à cremação, passando por uma simples lavagem de roupa. Em cada escada acontece uma manifestação religiosa ou cultural, geralmente no mesmo horário.
A cidade se estende da Raj
Ghat, próxima ao centro, até
a Assi Ghat, perto da Universidade de Benares (antigo
nome de Varanasi) -importante centro de educação
e cultura no país.
Se o nível do rio estiver
baixo, dá para caminhar de
uma escadaria à outra. O
passeio dura cerca de uma
hora. Outra boa pedida são
as viagens de barco.
Com paciência se negocia
a hora a bordo por 20 rupias
(cerca de 50 rupias valem
US$ 1). Faça um esforço para
acordar cedo, pois um dos
melhores horários para esse
percurso é ao nascer do sol.
A Assi é uma das escadarias para banho na rota de
praticantes do ritual hindu
Panchatirthi Yatra, de purificação. As outras são Dasaswamedh, Adi Keshava,
Panchganga e Manikarnika.
Nessa última, os mortos
são cremados em fogueiras à
beira-rio. No hinduísmo, a
não ser que a família não tenha dinheiro para a lenha, os
mortos são cremados.
Ao serem enterrados, acreditam, a ida de sua "alma ao
paraíso" é prejudicada. Ser
cremado em Varanasi é ainda mais significativo, pois a
"alma do morto" passa pelo
"moksha", a liberação do ciclo de vida e morte.
Na Manikarnika Ghat, ao
menos dez fogueiras são alimentadas sem cessar, dezenas de corpos são cremados,
e as cinzas, jogadas no rio.
Grávidas e crianças não
passam por esse processo.
Vistas como criaturas puras,
seus corpos são depositados
no rio. Há outra escadaria de
cremação, a Harishchandra,
uma das mais antigas.
Esses rituais de cremação,
que dependendo do vento
deixam pairando no ar um
cheiro de churrasco, atraem
muitos turistas. Mas câmeras fotográficas são absolutamente proibidas.
Na parte antiga de Varanasi, formada por vielas e sem
acesso a carros e a riquixás
(cadeira de duas rodas puxada por um homem), é comum ver corpos serem
transportados em macas de
bambu, cobertos por panos
laranjas. Atrás, seguem os
parentes -somente homens-, que rezam em voz
alta. A presença das mulheres não é permitida.
Cada escada tem uma peculiaridade ou foi cenário de
alguma lenda hindu. Na Manikarnika Ghat, acredita-se
que Shiva teria esvaziado um
poço para achar o brinco de
sua mulher que havia caído
ali. Depois, ele teria enchido
o poço com o seu suor. O buraco pode ser visto. Na Charanpaduka, segundo a crença, há pegadas de Vishnu.
Outras reservam curiosidades da história de Varanasi. A Shivala Ghat pertencia
ao marajá de Varanasi. Outras foram construídas por
nobres. A Meer Ghat é um
bom local para ver casamentos. Após o ritual, o casal segue ao rio, para a bênção.
A Lal Ghat é a mais colorida. No início da tarde, as
mulheres se dirigem ao local
para lavar roupas no rio e estendem tecidos e saris (traje
feminino enrolado no corpo) nos varais das escadas
para secar. Deserto, o outro
lado do rio não é bem visto
pelos hindus. É como o outro lado do paraíso.
(CJ)
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