São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2005

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DE FRENTE PARA O MAR

Passeio a bordo de "off road" sai de Fortaleza e vai até Jericoacoara, passando por vilas e falésias

Viagem à beira-mar reúne prazer e cansaço

ROGÉRIO CASSIMIRO
ENVIADO ESPECIAL AO CEARÁ

Ceará, capital Fortaleza. Jericoacoara: a cerca de 300 km de distância. Uma rodovia deveria ligar as duas cidades. Mas, nesse caso, não é bem assim. Há estrada até Jijoca. De lá em diante, é só areia.
No entanto, em vez de pegar o asfalto para chegar ao paraíso, há um percurso árduo e cheio de obstáculos. Além de ser mais prazerosa, a viagem aproxima o turista do dia-a-dia à beira-mar.
A rota por terra, ou melhor, pela areia -aliás, muita areia- é feita a bordo de um veículo "off road" e leva cinco horas na ida e três na volta (que percorre estradas asfaltadas a partir de Jijoca).
O passeio sai de Fortaleza, passa por alguns bairros e, de repente, acaba o asfalto e começa o areião, que será o piso de quase toda a rota. A primeira parada é a lagoa do Parnamirim, boa para dar uma refrescada depois de descer até lá no "esquibunda". Quem tem fôlego desce mais de uma vez.
A viagem continua: coqueiros, dunas e, de repente, o horizonte termina. Vem uma descida de quase 90 em uma duna. Ufa! Isso acontece algumas vezes.
Muito sobe-e-desce e sacolejo no carro dá fome. Na praia da Lagoinha, isso é resolvido. Ali há um bom cardápio de restaurantes. Pode-se comer desde um simples prato feito por R$ 7 até uma concha de santa Rita (creme de quatro queijos e camarão) e um grelhado de frutos do mar em um restaurante-pousada. Por R$ 70, três pessoas saem satisfeitas da mesa. O visual também é lindo: a praia da Lagoinha é um dos cartões-postais do Ceará.
E a viagem continua. Poço Doce, uma comunidade de pescadores faz parte do passeio. Pacata e atemporal, onde o calendário é dispensável, a vila minúscula abriga moradores receptivos e simpáticos. Crianças observam o carro passando pela única rua do local -caminho obrigatório para cruzar o rio Mundaú.
Chegando à beira do rio, uma pequena balsa de madeira, puxada por dois pescadores, aguarda o turista para a travessia. Mais um obstáculo é vencido. Praias desertas, como a do Guagiru, onde uma eventual revoada de gaivotas dá um tom especial à viagem, valem qualquer desconforto.
Na praia de Paracuru, o colorido fica por conta das canoas dos pescadores. São muitas "estacionadas" na areia, dividindo espaço com turistas estrangeiros que procuram a praia pela beleza e pela tranqüilidade. O calor de quase 40C não incomoda. Esse trecho do litoral cearense é paralelo à linha do equador no sentido oeste-leste e segue a direção dos ventos alísios. O vento sopra o ano inteiro: um presente da mãe natureza para refrescar o caminho dos viajantes e dar prazer a muitos praticantes de esportes náuticos, como o kitesurfe -cujos adeptos são vistos em quase todo o percurso.
Mais algumas praias, muitos coqueiros, mangues e falésias depois, chega-se a Jericoacoara.
A atmosfera rústica da vila se mantém, mesmo com a chegada do progresso -a energia elétrica surgiu por lá há poucos anos. De Jeri, como é mais conhecida, dá para conhecer Jijoca e admirar as lagoas Azul e do Paraíso (na verdade elas são uma lagoa só, que se divide no fim das chuvas).
A outra opção é rumar a Tatajuba, caminhar até a Pedra Furada, e, no fim da tarde, subir as dunas e apreciar o sol se pondo maravilhosamente. Não se esqueça de se largar na areia. Segundo os pescadores, Jericoacoara significa "jacaré tomando sol" e nada mais apropriado do que imitar o animal e fazer jus ao nome do lugar.

Pacote
O passeio integra um pacote de três noites, com hospedagem em Jeri, com café e transporte em "off road". O preço é R$ 1.500 por pessoa. Informações: 0/xx/85/3268-3099; www.nettour.com.br.


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