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JÓIA DA BOÊMIA
Além de contemplar construções antigas, o turista encontra sofisticação em lojas e restaurantes
Praça Starometské centraliza vida na face velha da capital
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PRAGA
A cada hora cheia, diante do relógio astronômico, instaura-se
um pequeno tumulto na Starometské Námestí (praça da Cidade
Velha). Mesmo que esteja chovendo, os turistas se apinham para ver a "procissão" dos 12 apóstolos. As estátuas aparecem e somem diante dos olhos dos espectadores, que ficam ainda mais
surpresos ao saber que o mecanismo que faz funcionar o relógio
permanece o mesmo desde sua
construção, em 1410, afora pequenos reparos.
A praça da Cidade Velha começou a existir no século 12, mas foi a
partir de 1338, com a construção
da Casa da Cidade Velha (que
possui uma capela e uma torre de
70 metros, onde fica o relógio) e
da igreja de Nossa Senhora Diante
de Tyn, que ela se tornou o centro
da cidade de Praga.
Do mesmo período da igreja de
Tyn (que tinha sido a construção
românica dos mercadores, transformou-se em igreja gótica no século 13 e, no século 17, teve seu interior reconstruído em estilo barroco) é a igreja de São Nicolas, onde, desde 1865, acontecem concertos de música erudita (o estilo
arquitetônico atual, barroco, foi
obtido em 1735).
Além de a acústica ser excelente,
assistir a um concerto desviando
o olhar dos músicos ora para as
estátuas, ora para os vitrais da
igreja é uma experiência gratificante: é como se uma ária de Bach
ganhasse nova vida na voz da
mezzo-soprano.
Mas as opções ali não se restringem às árias e às sinfonias na igreja: sempre há músicos se apresentando na praça e, além disso, nas
ruelas adjacentes há muitas casas
de show, principalmente de jazz.
Há também dezenas de restaurantes ao redor, não só de comidas típicas mas também de comida internacional, lojas, cafés e hotéis de luxo. As lojas das famosas
marionetes de Praga concentram-se na praça, onde, numa rua, produtos típicos são vendidos.
E, se a praça é o principal ponto
da Cidade Velha, há muito para
ser visto nos seus arredores. O
portão de Pólvora, por exemplo,
foi construído no século 11 (ganhou o estilo gótico em 1475) e era
considerado o mais importante
símbolo do reinado tcheco no período -era uma das 13 entradas
da muralha que cercava Praga. Na
rua Celetná, a mais antiga da cidade, passavam os cortejos reais. Há
poucos metros dali, na Zelezna, fica o teatro Estadual, onde, no dia
29 de outubro de 1787, o compositor Wolfgag Amadeus Mozart esteve por ocasião da estréia mundial da ópera "Don Giovanni".
Percorridos os quarteirões da
Cidade Velha (há realmente muitos edifícios antigos a serem vistos
aqui), é inevitável atravessar o
portão que leva à ponte São Carlos: erguido em 1400, é considerado o mais belo portão gótico de
Praga e serviu de inspiração para
o estilo gótico do portão de Pólvora (eles são praticamente iguais).
Em sinal de advertência, as cabeças de 12 nobres decapitados ficaram expostas ali entre 1621 e 1631.
Depois de atravessá-lo, está-se
na ponte São Carlos, que começou a ser construída em 1375 e ficou pronta no começo do século
15. Com 520 metros de comprimento, está suspensa sobre 16 pilares sobre os quais se encontram
30 estátuas e grupos de esculturas,
totalizando 75 peças, a maioria
barroca (1683-1714) e algumas
neogóticas e clássicas.
A ponte, que recebeu o nome de
seu fundador, o rei Carlos 4º, somente em 1879 (antes se chamava
ponte Praguense), atravessa o rio
Vltava e liga a Cidade Nova à Cidade Pequena. Difícil não ir e vir
pela ponte diversas vezes, já que a
cada passo tem-se um ângulo diferente da cidade e também porque ela virou uma galeria de arte a
céu aberto, com pintores expondo suas obras e jovens músicos
executando suas canções.
Por falar em céu aberto, em um
dia dia ensolarado é imperdível
fazer uma visita à ponte São Carlos no final da tarde: a luz incide
diretamente nas esculturas, fazendo que as imagens dos santos
se dupliquem, ora sobre o rio, ora
sobre as pedras da ponte. Assim,
mais uma vez se está diante do espetáculo de luz e sombra, tão comum nessa cidade de estátuas por
todos os lados.
(ANTONIO ARRUDA)
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