São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


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Filme "ressuscita" a música local

EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS

Um guitarrista norte-americano com talentos arqueológicos parte para uma expedição a Cuba em 1996. Lá descobre um parque jurássico musical em ótimo estado de conservação.
Essa história gerou um filme -"Buena Vista Social Club", de Win Wenders-, que é responsável pelo resgate de uma música que brilhava nos anos 40, ficou aprisionada após a ascensão de Fidel e, conservada em formol, chega vigorosa aos dias de hoje.
O guitarrista em questão é Ry Cooder, conhecido pelas trilhas que fez para filmes como "Paris, Texas" e pelo apetite insaciável pela exploração de ritmos musicais ausentes das rádios.
Por meio dele, músicos como Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Eliades Ochoa, Omara Portuondo e Rubén González deixaram de se lembrar do passado glorioso em torno de mesas de dominó e chegaram a se apresentar no Carnegie Hall, em Nova York.
Quase todos são septuagenários, mas a atração maior de seus shows não é o fato de ver pessoas com tanta idade mostrando um vigor quase juvenil para a música. Muito além disso, há competência e conhecimento de causa.
Saltam aos ouvidos as vozes afinadas e os sons saídos de instrumentos tocados com precisão.
Mas o que mais chama a atenção é a honestidade com que esses músicos interpretam bolero, guajira, danzón e, sobretudo, son, o estilo mais genuinamente cubano.
Eles retomam a história musical da ilha do ponto em que ela se estagnou, mais exatamente em 1959, ano da revolução.
E trazem de volta uma química que mistura bongôs, marimbas e contrabaixos mantendo o ritmo, metais que dão brilho e pontuam a melodia, violões como referenciais harmônicos e cantores especialistas na arte de explorar timbres agudos e notas longas.


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