São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2005

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PELAS ESTANTES

Popular entre nova-iorquinos e turistas, a biblioteca da cidade venderá pinturas para comprar títulos

Leões de mármore tomam conta de livros em Nova York

Richard Drew - 29.jun.2003/Associated Press
Criança lê livro na janela da Biblioteca Pública de Nova York


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pergunte a um nova-iorquino se ele já foi à biblioteca pública da cidade. A resposta será provavelmente sim. Agora, faça a mesma pergunta aos turistas. Boa parte deles também já esteve lá, nem que tenha sido para tirar fotos dos famosos leões de mármore na escadaria do prédio. Talvez até tenham feito o tour gratuito de uma hora no local, que acontece às 11h e às 14h, às quintas e aos sábados, e às 14h, aos domingos.
Isso tudo apenas serve para constatar um fato: a biblioteca goza de popularidade, e sua sede é um símbolo da "big apple".
Apesar do nome oficial ser Biblioteca Pública de Nova York, a instituição é privada, mas sem fins lucrativos. O financiamento vem de sociedades privadas e órgãos públicos. Além da sede -localizada no coração da cidade, entre a Quinta Avenida e a rua 42, a poucos quarteirões da Times Square-, engloba outras 84 bibliotecas em Manhattan, no Bronx e na Staten Island (a ilha da estátua da Liberdade). Nesses recintos, estão guardados mais de 5 milhões de volumes, entre livros e periódicos.
A biblioteca surgiu em 1895, após um acordo da administração pública com as então duas principais bibliotecas da cidade, a Astor e a Lenox. Ambas, que eram privadas e passavam por dificuldades financeiras, aceitaram ser incorporadas por uma instituição criada para isso. A entidade seria privada, mas também contaria com dinheiro público, desde que o acesso aos livros fosse gratuito e aberto a todos. O modelo deu certo e prevalece até hoje.
A sede, ou o principal prédio de pesquisa, ou simplesmente "a biblioteca", como dizem os nova-iorquinos, foi inaugurada em 23 de maio de 1911, após 11 longos anos de construção. A popularidade pôde ser auferida logo no primeiro dia. Segundo o site da instituição (www.nypl.org), entre 30 mil e 50 mil pessoas participaram da cerimônia de inauguração, em frente ao edifício.
Na época, já chamaram a atenção do público os dois leões de mármore agachados em frente ao prédio. As estátuas se tornaram queridinhas da cidade: receberam vários apelidos -os primeiros foram Astor e Lenox- até que o então prefeito Fiorello La Guardia (1934-1945) disse que os nomes dos leões eram Paciência e Coragem, em alusão às qualidades que os norte-americanos deveriam ter para vencer a depressão econômica dos anos 1930. Ficou até hoje.
Tanta popularidade e financiamentos público e privado, contudo, às vezes não bastam. No último dia 11, a biblioteca anunciou que venderá 19 obras de arte para arrecadar entre US$ 50 e US$ 75 milhões, que serão usados para comprar "livros importantes ao acervo". (LUÍS SOUZA)


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