São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCOLA BAIANA

Visitantes mergulham em aulas sobre propriedades do mangue e visitam antigo engenho de açúcar

Banho de lama faz parte do currículo em Canavieiras

Katia Calsavara/ Folha Imagem
Viajante se banha na lama em Canavieiras para conhecer na prática as propriedades do mangue


DA ENVIADA ESPECIAL À BAHIA

A 111 km de Ilhéus, Canavieiras reserva um litoral pleno em diversidade vegetativa, em que se destacam coqueiros, restingas e manguezais. Ideal para o mergulho em biologia e oceanografia.
Lá, os participantes do Intercâmbio Universitário assistem a aulas ao lado de casarios antigos, com charmosas fachadas coloridas, de frente para o porto.
O auge da proposta de aula viva ocorre quando os estudantes são chamados a se banhar na lama. Após um passeio de lancha, os viajantes aprendem sobre as propriedades do mangue ao assistir a uma aula de biologia literalmente chafurdados numa lama negra medicinal, conhecida pelo seu potencial no tratamento de doenças de pele e de reumatismo.
Canavieiras foi cenário da novela "Porto dos Milagres", exibida pela TV Globo no ano passado. A pacata vida local ficou quase agitada com os globais.
As casas dos séculos 18 e 19, bem conservadas, servem de museu aos turistas, que admiram a arquitetura colonial, a rusticidade da mobília e o modo como o seu espaço interior é utilizado.
Na cidade, de pouco mais de 35 mil habitantes, o passatempo predileto das crianças é pescar. Elas costumam também subir as escadas da ponte do Loyd, no porto Dr. Paulo Souto, para pular de uma altura superior a três metros.
Muitas estão atrasadas na escola, como José Castro, 9, que desistiu de estudar porque "está sem vontade" e vende amendoins aos turistas. Já Fábio Santos, 13, que está na 2ª série, diz que quer continuar os estudos. "Vou tentar terminar a escola, mas meu grande sonho é ser pescador", conta ele.
Outro local que os alunos do programa da Uesc conhecem é o povoado de Rio do Engenho, antiga sede de um grande engenho de açúcar que pertenceu a Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil. Uma aula de oceanografia ocorre durante a ida ao povoado, realizada num barco pelo rio Santana, durante 50 minutos.
Em Rio do Engenho, os "turistas-estudantes" são recebidos por uma professora de história na igreja Nossa Senhora de Santana, considerada a primeira igreja do país erguida em zona rural.
O engenho de Santana era movido a energia hidráulica. Documentos históricos apontam para a grande quantidade de escravos que habitavam a região. Hoje, o povoado é visitado por historiadores, estudantes e turistas.
(KATIA CALSAVARA)


Texto Anterior: Set de novela vira museu
Próximo Texto: Salvador: Rua Chile faz 100 anos revivendo glamour
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.