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Shopping center ofuscou local
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nos anos 20, a Chile representava para Salvador o que a rua do
Ouvidor representava para o Rio
de Janeiro ou a 15 de Novembro
para São Paulo. Era a rua do glamour, com sofisticados estabelecimentos de moda: os magazines
Duas Américas e Sloper; as lojas
Casa Clark, Ao Louvre, A Pérola,
Calçados Harley, A Moda, Chapelaria Mercuri, entre outras.
No fim de semana, os baianos
olhavam vitrines e assistiam aos
filmes melosos exibidos pelos cines Glória ou Guarani para mais
tarde tomar o chá do Palace ou
então saborear o sorvete de A Cubana. Os homens preferiam o sifão da pastelaria Triunfo.
Ir à Chile era como frequentar o
shopping. Senhoras e senhoritas
exibiam o que a moral da época
permitia: os cabelos escondidos
sob as abas do chapéu. Os homens, vestidos de linho branco,
paletó e gravata, flertavam com as
moças, que, por sua vez, correspondiam com olhares tímidos.
A elite se divertia no cassino do
hotel Palace, quartel-general da
alta sociedade durante o Carnaval. Na festa de Momo, o Palace
era o camarote de onde se podia
apreciar os corsos que desfilavam
pela mesma rua, que, nos anos 50,
veria nascer o trio elétrico, a fobica de Dodô e Osmar.
A decadência da Chile aconteceu na década de 70, quando o
núcleo do poder foi transferido
para o centro administrativo da
avenida Luís Vianna, conhecida
como Paralela, e surgiu o shopping Iguatemi, o primeiro grande
centro comercial de Salvador.
O incêndio das lojas Duas Américas, em 1977, acelerou o processo, de modo que, dos tempos
dourados, quase nada restou.
A exceção é a loja de roupas O
Adamastor, que pertenceu ao pai
de Glauber Rocha, mas que não
verá transcorrer as comemorações do centenário. Ainda neste
mês ela deve fechar suas portas,
depois de meio século de atividades, para dar lugar à loja de uma
cadeia de fast food.
(NVC)
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