São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Falta de medo e um centro de gravidade mais baixo explicam a facilidade dos pequenos em praticar esqui

Crianças aprendem muito mais rápido

DO ENVIADO ESPECIAL AO CHILE

Enquanto o repórter da Folha mal conseguia andar com a tal "roupa de astronauta", na pista de iniciantes, um menino de quatro anos que nem sequer parou para dizer seu nome chamava a atenção pelo tamanho -e por usar um equipamento pouco usual para adultos, um capacete. Nas costas do agasalho, uma irônica inscrição, "X-Cuse", algo como "com licença".
Não era à toa. Depois de o iniciante passar três horas aprendendo a tal cunha, a frear e a fazer curvas, já era hora de partir para algo mais difícil, a pista La Polka. E lá vamos nós, seguir o pobre destino "cai-cai" dos iniciantes.
Eis que passa o pequeno "X-Cuse" a todo o vapor. O menino ignora o nosso corpo estendido no chão, faz curvas, olha para trás e acena com tchauzinhos para as pessoas. Só faltava subir o morro sem usar o teleférico.
Explicações para tamanha facilidade não faltam: crianças têm o centro de gravidade mais baixo e pouco medo.

Esporte chique
A Snow School de Valle Nevado tem 50 instrutores para principiantes no esqui e no snowboard. Se o esquiador iniciante começa a 10 km/h, uma semana depois pode sentir o vento a 40 km/h.
Jesus Puente, diretor da escola de esqui, estima: "Uma pessoa normal leva uma semana para aprender a esquiar". O esqui é um esporte pouco perigoso para iniciantes (pois a velocidade é baixa), e a parte do corpo que mais sofre é o joelho, sujeito a torções. "Jogadores de futebol são proibidos de esquiar", conta o diretor.
Os custos não são muito baixos. A aula mais econômica, com equipamentos, sai por US$ 35. Dá direito a duas horas de aula em grupos de quatro a oito pessoas. Uma aula particular custa US$ 300 por dia. Em Valle Nevado, cada quatro noites de hospedagem dão direito a uma aula particular de esqui.
Jesus Puente afirma que a admiração brasileira pelo esqui tem relação com a ascendência européia. "Filhos e netos de alemães e italianos, por exemplo, fizeram do esqui um esporte chique no Brasil", diz, com a experiência de quem o pratica desde os cinco anos de idade. (LUÍS PEREZ)


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