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FORA DOS TRILHOS
Cerca de 300 funcionários vivem nos trens
Vagão é quarto com vista para o desleixo
em Porto Esperança (MS)
Abandonados depois da desativação do "trem da morte", três vagões se transformaram em moradia temporária de funcionários da
Ferrovia Novoeste, liderada pelo
grupo norte-americano Noell, que
venceu o leilão de concessão da
RFFSA.
Os vagões estão em Porto Esperança, nas margens do rio Paraguai, no Pantanal de Mato Grosso
do Sul, e abrigam cerca de 300 funcionários.
Cinco dias por semana, alternadamente, nove ferroviários que
trabalham na manutenção dos trilhos comem e dormem nas cabines
dos antigos vagões-dormitórios de
passageiros.
Alcova
João Bosco, 47, um dos moradores dos vagões, disse que a situação era ainda pior nos tempos da
Rede Ferroviária Federal. Os funcionários "do trecho", que fazem a
manutenção dos trilhos, dormiam
em vagões de cargas, segundo ele.
Bosco, que recebe R$ 495 mensais e tem quatro filhos, trabalha
há 20 anos na ferrovia e sofreu
quatro acidentes de trabalho.
As turmas de manutenção num
trecho de 300 quilômetros, que variavam entre 30 e 40 pessoas, hoje
se resumem a nove funcionários.
A estação de Porto Esperança só
funciona agora para controlar o
transporte de carga.
A comunidade do porto tem
agora apenas o rio como acesso.
São R$ 25 por viagem até Porto
Morrinho, a menos de 15 quilômetros, onde se pode pegar um ônibus até Corumbá ou Miranda. Na
época do trem, a passagem até Corumbá custava R$ 1,50.
Saúde
O pescador e piloto de barco Gabriel Vera, 45, disse que o problema de transporte atualmente "é
um sofrimento".
O acesso à saúde é o que mais
preocupa. A única enfermeira do
lugar mudou-se há um ano.
"Tem gente que cavalga de 20 a
30 quilômetros para chegar à estrada", disse Vera.
(RUBENS VALENTE)
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