São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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Sem emprego, ferroviário vira sem-teto

da Agência Folha, em Corumbá (MS)

Ferroviários demitidos invadiram casas da Rede Ferroviária Federal e outros prédios que não estão sendo usados pela concessionária, a Ferrovia Novoeste.
Os funcionários criaram em julho último a Associação dos Moradores do Patrimônio Histórico da Rede Ferroviária Federal e querem brigar na Justiça pelo direito de ficar nas casas.
O governo federal já anunciou a disposição de leiloar os imóveis.
O diretor do sindicato dos ferroviários em Campo Grande, Valdemir Vieira, 43, disse que as invasões têm ocorrido por causa do "desespero dos demitidos".
Vieira afirmou que o sindicato está prestes a tomar uma medida mais drástica.
"Pensamos até em invadir um terreno da ferrovia para fazer um acampamento de sem-terra com os demitidos", disse.
Patrimônio
O sindicato dos ferroviários anunciou que pretende mover, por meio da Procuradoria da República, uma ação judicial contra a União por causa do abandono de prédios históricos.
A maioria desses prédios é tombada pelo patrimônio histórico do Estado, por meio de lei assinada pelo governador Wilson Martins (PMDB).
O tombamento não vem impedindo a degradação dos prédios.
A estação de Coronel Juvêncio, por exemplo, construída em 1935 no município de Miranda (MS), foi demolida por um fazendeiro vizinho no ano passado.
De acordo com o sindicato, de 120 estações em Mato Grosso do Sul apenas nove continuaram operando depois que a linha foi privatizada.
A associação criada pelos ferroviários pretende lutar pela manutenção de quatro tipos de patrimônio: social, histórico, arquitetônico e cultural.
"Queremos resgatar não apenas os prédios, mas as histórias das vidas das pessoas que construíram a ferrovia", afirma a professora de história Alisolete Weingartner, 60. (RV)



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