São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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Empresa sai da linha com funcionários

da Agência Folha, em Corumbá

A concessionária do trecho da estrada de ferro que liga Bauru (SP) a Corumbá (MS), a Ferrovia Novoeste, demitiu aproximadamente 1.050 funcionários desde a privatização do "trem da morte", em março de 1996.
O sindicato dos trabalhadores da ferrovia denuncia que a principal consequência do corte é o excesso de carga horária e a imposição de dupla e até tripla função aos 770 trabalhadores que a ferrovia ainda mantém em seus quadros.
No início de fevereiro, a Novoeste recebeu quatro autuações do Ministério do Trabalho devido ao excesso na carga horária de alguns funcionários.
Medo
Cerca de 21 empregados passaram mais de 45 horas trabalhando sem repouso na retirada de 14 gôndolas de minério que haviam próximo a Andradina (SP), no início deste ano.
A Agência Folha conversou com diversos funcionários em Corumbá (MS). Eles admitiram estar cumprindo dupla ou tripla função, mas não quiseram dar entrevistas ou revelar seus nomes temendo ser demitidos.
Um manobrista da estação de Corumbá disse que faz até trabalho de faxina nas gôndolas e estações ao longo da linha.
Letra morta
O diretor do sindicato em Campo Grande, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), Valdemir Vieira, 43, disse que a empresa, ao demitir em massa, não conseguiu mais cumprir o contrato de concessão assinado com o governo federal.
Em setembro último, o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, assinou despacho acatando as justificativas formais da Novoeste para o descumprimento da meta do primeiro ano de atividade da concessionária.
A Novoeste não conseguiu cumprir a meta de transportar, nos 12 primeiros meses de concessão, 2 bilhões de TKUs (toneladas por quilômetro útil). A empresa ficou no 1,52 bilhão de TKUs.
Segundo Valdemir Vieira, o não-cumprimento do contrato de concessão, além da possibilidade de novas autuações, pode resultar na abertura de processo de intervenção na empresa. (RV)



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