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FORA DOS TRILHOS
Ferrovia Novoeste investe apenas em carga
Passageiro não dá
lucro, diz empresa
da estação de
trens de
Coronel
Juvêncio,
zona rural de
Miranda (MS)
da Agência Folha, em Campo Grande
O presidente da Ferrovia Novoeste, o norte-americano Glenn
Patterson Michael, 53, disse que o
transporte de passageiros pelo
"trem da morte" não estava previsto no contrato de concessão assinado com o governo federal.
O governo brasileiro não incluiu
a exigência.
Michael admitiu que a empresa
não conseguiu cumprir o mínimo
de transporte de carga exigido pelo Ministério dos Transportes nos
dois primeiros anos da privatização. Leia trechos da entrevista
concedida à Agência Folha.
Agência Folha - O senhor tem algum projeto de recuperação do
trem de passageiros?
Glenn Patterson Michael - Não.
Nós compramos essa ferrovia para
frete. As pessoas que querem o
trem de passageiros como parte da
concessão devem ser responsáveis
por isso. O trem de passageiros
não dá dinheiro. O contrato de
concessão não fala que temos de
ter trem de passageiros. Mas um
grupo poderia implantar um, desde que pague por isso.
Agência Folha - Qual o número
mínimo diário de passageiros para
tornar o trem viável?
Michael - Eu não sei, depende
do preço da tarifa.
Agência Folha - Como o senhor
responde às denúncias do sindicato dos ferroviários de que há gente
sendo obrigada a fazer dupla e até
tripla função na empresa?
Michael - O fato é que estamos
fazendo o que é permitido. Para
uma companhia sobreviver, todos
têm de trabalhar bastante.
Por anos, essa companhia não
gerou dinheiro nem recebeu investimentos. Em 97, gastamos
mais com investimentos. Estamos
tentando construir a companhia
para o futuro. Devemos reduzir
despesas e ganhar dinheiro para
que o governo não seja obrigado a
pagar para essa ferrovia funcionar.
Antes de a Novoeste tomar posse, os contribuintes é que pagavam
por isso. Hoje em dia, a população
que paga impostos não mantém a
ferrovia. É assim que deve ser.
Agência Folha - A empresa está
conseguindo cumprir o contrato
de concessão, no tocante ao mínimo de carga transportada?
Michael - Nós não fizemos o
(mínimo de) TKU (toneladas por
quilômetro útil), como nenhuma
outra ferrovia. Porque, por anos, o
serviço era tão ruim que os clientes
não transportavam por ferrovia.
Demora para os clientes começarem a confiar no serviço. Em Mato
Grosso do Sul, em 97, nós movimentamos 700 mil toneladas de
soja e, neste ano, transportaremos
1,6 milhão de toneladas. A Cargill
fez um estudo das ferrovias e elegeu a Novoeste como a melhor.
(RV)
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