São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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FORA DOS TRILHOS
Ferrovia Novoeste investe apenas em carga
Passageiro não dá lucro, diz empresa da estação de trens de Coronel Juvêncio, zona rural de Miranda (MS)

da Agência Folha, em Campo Grande

O presidente da Ferrovia Novoeste, o norte-americano Glenn Patterson Michael, 53, disse que o transporte de passageiros pelo "trem da morte" não estava previsto no contrato de concessão assinado com o governo federal.
O governo brasileiro não incluiu a exigência.
Michael admitiu que a empresa não conseguiu cumprir o mínimo de transporte de carga exigido pelo Ministério dos Transportes nos dois primeiros anos da privatização. Leia trechos da entrevista concedida à Agência Folha.

Agência Folha - O senhor tem algum projeto de recuperação do trem de passageiros?
Glenn Patterson Michael -
Não. Nós compramos essa ferrovia para frete. As pessoas que querem o trem de passageiros como parte da concessão devem ser responsáveis por isso. O trem de passageiros não dá dinheiro. O contrato de concessão não fala que temos de ter trem de passageiros. Mas um grupo poderia implantar um, desde que pague por isso.
Agência Folha - Qual o número mínimo diário de passageiros para tornar o trem viável?
Michael -
Eu não sei, depende do preço da tarifa.
Agência Folha - Como o senhor responde às denúncias do sindicato dos ferroviários de que há gente sendo obrigada a fazer dupla e até tripla função na empresa?
Michael -
O fato é que estamos fazendo o que é permitido. Para uma companhia sobreviver, todos têm de trabalhar bastante.
Por anos, essa companhia não gerou dinheiro nem recebeu investimentos. Em 97, gastamos mais com investimentos. Estamos tentando construir a companhia para o futuro. Devemos reduzir despesas e ganhar dinheiro para que o governo não seja obrigado a pagar para essa ferrovia funcionar.
Antes de a Novoeste tomar posse, os contribuintes é que pagavam por isso. Hoje em dia, a população que paga impostos não mantém a ferrovia. É assim que deve ser.
Agência Folha - A empresa está conseguindo cumprir o contrato de concessão, no tocante ao mínimo de carga transportada?
Michael -
Nós não fizemos o (mínimo de) TKU (toneladas por quilômetro útil), como nenhuma outra ferrovia. Porque, por anos, o serviço era tão ruim que os clientes não transportavam por ferrovia.
Demora para os clientes começarem a confiar no serviço. Em Mato Grosso do Sul, em 97, nós movimentamos 700 mil toneladas de soja e, neste ano, transportaremos 1,6 milhão de toneladas. A Cargill fez um estudo das ferrovias e elegeu a Novoeste como a melhor. (RV)



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