|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Companhias aéreas e turismo norte-americano saem perdendo
MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova regra exigindo visto de
trânsito para os EUA, prevista para durar três meses, prejudica as
companhias aéreas norte-americanas e a japonesa JAL, que faz escalas nesse país, e atinge, indiretamente, o turismo dos EUA.
Tiram proveito da medida do
governo americano empresas européias -Air France e Lufthansa-, a canadense Air Canada e a
sul-africana SAA (South African
Airways), todas com boas conexões para a Ásia, além da Copa
Airlines e da AeroMexico, que espalham passageiros pelo Caribe.
Os primeiros sinais de que outras companhias vão abocanhar
parte desse mercado já começaram a surgir na semana passada.
"Um grupo de 18 pessoas que ia
para Nagoya [Japão] e outro de 25
para Dili [Timor Leste], viajando
com escala nos EUA, vão usar a
nossa rota", diz Rosana Barrese,
gerente de vendas da SAA.
A partir de 9 de dezembro, a alemã Lufthansa, que tem saídas diárias de São Paulo para Tóquio,
com escala em Frankfurt em aeronaves Boeing 747-400, com capacidade para 390 passageiros, com
vôos que partem de Santiago e de
Buenos Aires, terá uma aeronave
exclusiva saindo de São Paulo.
Viajar fazendo escala na Alemanha, na África do Sul e na França
tem a vantagem de não exigir visto para brasileiros para turismo
ou trânsito. Para o Canadá, esse
último tipo de visto não custa nada e dá direito a circular pelo país
por 48 horas.
Reação nos EUA
Em artigo publicado no diário
"Miami Herald" na semana passada, John Marks, membro da poderosa TIA (Travel Industry Association of America) e presidente do San Francisco Convention
Bureau, afirma que segurança interna e econômica são importantes para os americanos, mas que
deve haver um equilíbrio.
"O governo deveria trabalhar
com a indústria do turismo para
montar políticas comuns que funcionassem [...] Tanto a indústria
do turismo quanto a nação se beneficiam quando estamos, de fato, mais seguros. Mas até mesmo
quando o governo federal toma
uma medida em resposta a ameaças específicas, como a recente
suspensão do programa de trânsito sem visto, carrega a percepção
de que os EUA estão se tornando
menos e menos acolhedores."
De fato, agentes brasileiros dizem que o efeito psicológico da
nova medida prejudica ainda
mais as viagens para os EUA.
"A impressão é que, se o visto
era difícil antes, agora é impossível", diz Marcelo Barone, diretor
comercial da RCA.
Para Magda Nassar, diretora da
Soft Travel, a série de medidas negativas (exigência de entrevista e
suspensão do programa de viajar
sem visto em trânsito) "deixa os
EUA com imagem negativa".
De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA,
o maior número de usuários do
programa de viagem sem visto
em trânsito é do Brasil, seguido
por México, Coréia, Filipinas e
Peru. O governo dos EUA estima
que as novas restrições afetem 600
mil passageiros em todo o mundo, e o Brasil foi, sem dúvida, o
mais afetado. No ano passado,
quase 88 mil brasileiros viajaram
para os EUA no programa de
trânsito sem visto.
O turismo internacional rumo
aos EUA já caiu 20% desde o 11 de
Setembro.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Tráfego aéreo: Vistos de escala nos EUA podem alterar as rotas mundiais Próximo Texto: Pegos de surpresa: Nova regra afeta mais dekassegui Índice
|