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Venezianos só se deslocam a pé ou de barco
WILLIAM MARIOTTO
DA REDAÇÃO
Chegar a Veneza é como
entrar em outro mundo. O
fato de os deslocamentos só
poderem ser feitos a pé ou de
barco é notável, mas o mais
incrível é como os venezianos construíram uma cidade
tão magnífica sobre um arquipélago de ilhotas lodosas.
Os habitantes às vezes nem
se dão conta de que vivem
em um monumento histórico. Por exemplo, se o veneziano precisa ir ao correio,
vai ao Fondaco dei Turchi,
palácio do século 13 que foi
entreposto de comércio com
o império otomano. A feira
do Rialto, coração comercial
da cidade, vende, desde o século 11, frutas, verduras, peixes e frutos do mar trazidos
do Adriático por barcaças -
os caminhões de Veneza.
Os "vaporettos" são usados apenas para ir a pontos
distantes da cidade ou às
ilhas -Murano, Burano,
Torcello e dezenas de outras.
Na maioria das vezes se anda
a pé mesmo. É um sobe-e-desce de pontes constante
(repare como os velhinhos
são bem dispostos). Velozes
"lanchas-ambulâncias" levam os doentes ao hospital
central, um suntuoso palácio do século 15, bem em
frente ao monumento ao
guerreiro Bartolomeo Coleoni, de Andrea Verrochio,
considerada a mais bela estátua equestre do Ocidente.
Os deslocamentos a pé favorecem o convívio. É difícil
o veneziano ir a algum lugar
sem encontrar um conhecido que o convide para tomar
um café ou uma "ombra",
copo de vinho branco. Se estiver com fome, peça um
"tramezzino", sanduíche
frio com recheio de atum,
caranguejo ou camarão.
Não tenha medo de se perder nos labirintos da cidade.
Sempre há indicações "per
San Marco", "per Rialto" e
"alla Ferrovia". Se mesmo
assim você não se achar, fale
com um habitante, sempre
disposto a dar orientações.
No verão, faça um programa de veneziano: vá à praia.
Pegue a linha 1 ou 6 do "vaporetto" para o Lido, uma
faixa de terra que fecha a
baía vêneta e conserva o ar
aristocrático dos tempos em
que era um dos balneários
mais exclusivos da Europa.
Ali fica o palácio do Cinema,
palco do célebre festival.
No caminho de volta, o turista ganha a linda vista da
cidade iluminada pelo sol de
fim de tarde. À noite o campo Santa Margherita, perto
da Universidade Ca'Foscari,
ferve de jovens em bares
com mesas ao ar livre.
No inverno há nevascas e a
cidade frequentemente é envolvida por uma forte neblina, que a deixa ainda mais
surreal. Também ocorre a
"acqua alta", um terror para
os venezianos, que vêem a
água do mar subir pelos ralos e inundar suas casas.
Como Veneza tem ruas estreitas e casas altas, no inverno o sol penetra pouco nas
ruas. Procure o calor das
praças ou passeie na Fondamenta delle Zattere, em frente ao canal da Giudecca, onde o sol bate o ano todo.
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