São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SERENÍSSIMA

Mestres como Veronese fizeram trabalhos grandiosos, que se contrapõem às obras de cavalete de Canaletto

Pintores deixaram obra "monumentalista"

DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO

Alcunhado Canaletto, Antonio Canal (1696-1768), possivelmente o mais notável dos pintores que registraram a paisagem de Veneza, não teve sua obra aceita na Accademia di Belle Arte até 1763.
Estabelecida em 1750 -convém lembrar que a cidade foi uma República, a Sereníssima, até 1797-, a academia veneziana não valorizava a pintura que se referia à cidade fazendo uma crônica pictórica -e que também tem expoente no pintor Francesco Guardi (1712-1793) e em mestres menores, como Michele Marieschi e Bernardo Bellotto.
Pintores como Tintoretto (nome de pincel de Jacopo Robusti, 1512?-1594) e Veronese (apelido de Paolo Caliari, 1528-1588) e, sobretudo, Giambattista Tiepolo (1696-1770), sim, eram considerados grandes artistas.
A escola "monumentalista" a que se filiavam, no entanto, teve impulso com a obra de Ticiano Vecelli, que morreu em 1576, tendo exercido em Veneza uma espécie de regência artística.
Expressão à moda veneziana de um ideal de harmonia e de sensibilidade, Ticiano deu à arte local um caráter epicurista, poético, sereno, profundamente humano.
Relativamente jovem quando comparada às outras escolas de pintura italianas, a de Veneza ignorou como pôde o maneirismo e produziu pinturas imensas para os palácios e as igrejas locais.
Veronese -que era originalmente de Verona- pintou o forro do palácio Ducal. Já Tiepolo, seu admirador, tentou abandonar um certo academicismo e se deixou influenciar pelo estilo rococó, pintando grandiosas alegorias sagradas e profanas.

Canal
Mesmo admitindo que a pintura de Canaletto não alça vôo nem chega aos céus como a de Tiepolo (autor de "Glorificação da Cruz"), é impossível não se sensibilizar com seus quadros que retratam a cidade -e com seus "capricci", que a reinventam.
Nascido em Veneza, próximo ao Rialto, Antonio Canal esteve apenas em Roma e em Londres.
Em Roma, sofreu a influência dos paisagistas Gian Paolo Panini e Gaspar van Wittel. Mas foi o financista Joseph Smith, depois embaixador britânico em Veneza, que abriu as portas para que Canaletto alcançasse a condição de mestre e fosse, finalmente, aceito na Accademia, cinco anos antes de morrer. (SILVIO CIOFFI)


Texto Anterior: Venezianos só se deslocam a pé ou de barco
Próximo Texto: Comer, beber, viver
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.