|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SERENÍSSIMA
Mestres como Veronese fizeram trabalhos grandiosos, que se contrapõem às obras de cavalete de Canaletto
Pintores deixaram obra "monumentalista"
DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO
Alcunhado Canaletto, Antonio
Canal (1696-1768), possivelmente
o mais notável dos pintores que
registraram a paisagem de Veneza, não teve sua obra aceita na Accademia di Belle Arte até 1763.
Estabelecida em 1750 -convém lembrar que a cidade foi uma
República, a Sereníssima, até
1797-, a academia veneziana
não valorizava a pintura que se referia à cidade fazendo uma crônica pictórica -e que também tem
expoente no pintor Francesco
Guardi (1712-1793) e em mestres
menores, como Michele Marieschi e Bernardo Bellotto.
Pintores como Tintoretto (nome de pincel de Jacopo Robusti,
1512?-1594) e Veronese (apelido
de Paolo Caliari, 1528-1588) e, sobretudo, Giambattista Tiepolo
(1696-1770), sim, eram considerados grandes artistas.
A escola "monumentalista" a
que se filiavam, no entanto, teve
impulso com a obra de Ticiano
Vecelli, que morreu em 1576, tendo exercido em Veneza uma espécie de regência artística.
Expressão à moda veneziana de
um ideal de harmonia e de sensibilidade, Ticiano deu à arte local
um caráter epicurista, poético, sereno, profundamente humano.
Relativamente jovem quando
comparada às outras escolas de
pintura italianas, a de Veneza ignorou como pôde o maneirismo e
produziu pinturas imensas para
os palácios e as igrejas locais.
Veronese -que era originalmente de Verona- pintou o forro do palácio Ducal. Já Tiepolo,
seu admirador, tentou abandonar
um certo academicismo e se deixou influenciar pelo estilo rococó,
pintando grandiosas alegorias sagradas e profanas.
Canal
Mesmo admitindo que a pintura de Canaletto não alça vôo nem
chega aos céus como a de Tiepolo
(autor de "Glorificação da Cruz"),
é impossível não se sensibilizar
com seus quadros que retratam a
cidade -e com seus "capricci",
que a reinventam.
Nascido em Veneza, próximo
ao Rialto, Antonio Canal esteve
apenas em Roma e em Londres.
Em Roma, sofreu a influência
dos paisagistas Gian Paolo Panini
e Gaspar van Wittel. Mas foi o financista Joseph Smith, depois
embaixador britânico em Veneza,
que abriu as portas para que Canaletto alcançasse a condição de
mestre e fosse, finalmente, aceito
na Accademia, cinco anos antes
de morrer.
(SILVIO CIOFFI)
Texto Anterior: Venezianos só se deslocam a pé ou de barco Próximo Texto: Comer, beber, viver Índice
|