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POR DENTRO DE BUENOS AIRES
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Bairros são a encenação de um tango
LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires
A qualidade
consegue suplantar a quantidade em Buenos
Aires. O turista
que passeia pelas
largas avenidas
portenhas, deparando com os
prédios antigos e
preservados que
se mesclam àquilo que há de mais
moderno em termos de arquitetura, até se dá conta de que está numa das maiores cidades do mundo, com 11 milhões de habitantes.
Mas pouco se importa com isso.
Buenos Aires não sufoca como
costumam sufocar as grandes cidades. É elegante. Durante o dia,
os amplos parques, as ruas arborizadas e os cafés com mesas nas calçadas não deixam dúvidas de que
ela existe para ser desfrutada.
À noite, são os bares e restaurantes. Onde se vá, o ritmo sensual do
tango é a trilha.
O charme da cultura e do comportamento portenho está no centro, frequentado com segurança a
qualquer hora, e nos bairros. Cortando a cidade, a avenida 9 de Julio, cercada por prédios e cafés
abertos noite adentro.
Trata-se da avenida mais larga
do mundo. Transversais a ela, estão as tradicionais Corrientes,
Santa Fé, Lavalle e a avenida de
Mayo. Paralelamente, correm ruas
e avenidas como Florida e Callao,
cada uma com seu estilo. A Florida, com a vida pulsando no calçadão. A Callao, com seus prédios.
A avenida de Mayo é o centro político argentino. Vai da Casa Rosada (sede do Executivo) até o Congresso, com passagem por bancos
e ministérios. Em cada extremo,
há uma bela praça: de Mayo e de
los Congresos, respectivamente.
Na de los Congresos está o "marco zero". No número 829 da avenida de Mayo, está o Café Tortoni,
o mais antigo da cidade.
Próximo à Casa Rosada, está o
Puerto Madero, marcante a qualquer turno. Nos diques reciclados,
você pode jantar, namorar ou,
simplesmente, olhar o rio.
Geografia da riqueza
De norte a sul, Buenos Aires
mostra suas diferenças. O norte é
luxuoso. O sul é proletário. Como
em nenhum outro lugar, é fácil
identificar o clube de futebol popular e o de elite. No bairro de Nuñes, onde fica o Monumental de
Nuñes (do Ríver Plate), as casas
são de classe média alta. Na Bombonera (Boca Juniors), o bairro é
La Boca, reduto de trabalhadores.
Seguindo de norte a sul pelo Paseo Colón e pelas avenidas Leandro Alem e del Libertador -na
verdade, um mesmo caminho com
três nomes distintos-, o luxo aumenta progressivamente.
Passa-se por Palermo, Belgrano
e Nuñes, até sair da capital federal
e chegar àquilo que o argentino
chama de "província", ou seja, a
Província de Buenos Aires.
É onde se encontram as mansões
de Olivos (onde fica a residência
presidencial), San Isidro e Tigre,
com a beleza do seu delta.
Cabe uma lembrança: a cidade
de Buenos Aires mantém autonomia administrativa em relação à
Província de Buenos Aires. São
unidades federativas diferentes.
Tradição
Entre tantos prédios tradicionais, o Teatro Colón, na avenida
Cerrito, apresenta variada programação cultural. As avenidas Cerrito e Carlos Pelegrini seguem paralelas à 9 de Julio. O tradicional obelisco brilha no cruzamento entre a
9 de Julio e a Corrientes.
Os bairros de San Telmo, La Boca e Recoleta são a encenação da
letra de um tango. Em San Telmo,
artistas e artesãos habitam casas
coloniais. Aos domingos, há a feira
de antiguidades, com seus shows.
Em La Boca, o tango também
existe em forma de música e de
sentimento. É o bairro no qual
moraram os primeiros imigrantes
italianos. No Caminito, cercado de
casas pintadas com cores vivas, artistas expõem suas obras tendo o
próprio bairro como motivo.
Passando o Caminito, está a
Bombonera, estádio do Boca Juniors, não por acaso o clube de futebol mais popular da Argentina.
Na Recoleta, bairro de classe média alta, com cafés marcados pela
sofisticação, há venda de artesanato nas praças, cultura nas ruas e até
mesmo um cemitério no qual está
enterrada Evita Perón.
Em Palermo, bairro de classe
média alta que abre o caminho para o norte luxuoso, há lindos parques, o Jardim Botânico e o Zôo,
seguidos da avenida Santa Fé, seus
restaurantes e casas comerciais.
Quando visitar? - O verão de
Buenos Aires é abafado, mas a cidade oferece parques, caminhos
abertos, restaurantes e bares com
mesas nas ruas. No inverno, o frio
ressalta o charme da cidade, torna
a excelente gastronomia de carnes,
vinhos e pastas ainda mais atraente e favorece as grandes livrarias.
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