São Paulo, segunda, 12 de janeiro de 1998.



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POR DENTRO DE BUENOS AIRES

Vôos de SP US$ 339 Aerolineas (tel. 011/214-6022)
US$ 392 Vasp (tel. 0800-998277)
US$ 408 Varig (tel. 011/5561-1161)

Bairros são a encenação de um tango

LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires

A qualidade consegue suplantar a quantidade em Buenos Aires. O turista que passeia pelas largas avenidas portenhas, deparando com os prédios antigos e preservados que se mesclam àquilo que há de mais moderno em termos de arquitetura, até se dá conta de que está numa das maiores cidades do mundo, com 11 milhões de habitantes. Mas pouco se importa com isso.
Buenos Aires não sufoca como costumam sufocar as grandes cidades. É elegante. Durante o dia, os amplos parques, as ruas arborizadas e os cafés com mesas nas calçadas não deixam dúvidas de que ela existe para ser desfrutada.
À noite, são os bares e restaurantes. Onde se vá, o ritmo sensual do tango é a trilha.
O charme da cultura e do comportamento portenho está no centro, frequentado com segurança a qualquer hora, e nos bairros. Cortando a cidade, a avenida 9 de Julio, cercada por prédios e cafés abertos noite adentro.
Trata-se da avenida mais larga do mundo. Transversais a ela, estão as tradicionais Corrientes, Santa Fé, Lavalle e a avenida de Mayo. Paralelamente, correm ruas e avenidas como Florida e Callao, cada uma com seu estilo. A Florida, com a vida pulsando no calçadão. A Callao, com seus prédios.
A avenida de Mayo é o centro político argentino. Vai da Casa Rosada (sede do Executivo) até o Congresso, com passagem por bancos e ministérios. Em cada extremo, há uma bela praça: de Mayo e de los Congresos, respectivamente. Na de los Congresos está o "marco zero". No número 829 da avenida de Mayo, está o Café Tortoni, o mais antigo da cidade.
Próximo à Casa Rosada, está o Puerto Madero, marcante a qualquer turno. Nos diques reciclados, você pode jantar, namorar ou, simplesmente, olhar o rio.
Geografia da riqueza
De norte a sul, Buenos Aires mostra suas diferenças. O norte é luxuoso. O sul é proletário. Como em nenhum outro lugar, é fácil identificar o clube de futebol popular e o de elite. No bairro de Nuñes, onde fica o Monumental de Nuñes (do Ríver Plate), as casas são de classe média alta. Na Bombonera (Boca Juniors), o bairro é La Boca, reduto de trabalhadores.
Seguindo de norte a sul pelo Paseo Colón e pelas avenidas Leandro Alem e del Libertador -na verdade, um mesmo caminho com três nomes distintos-, o luxo aumenta progressivamente.
Passa-se por Palermo, Belgrano e Nuñes, até sair da capital federal e chegar àquilo que o argentino chama de "província", ou seja, a Província de Buenos Aires.
É onde se encontram as mansões de Olivos (onde fica a residência presidencial), San Isidro e Tigre, com a beleza do seu delta.
Cabe uma lembrança: a cidade de Buenos Aires mantém autonomia administrativa em relação à Província de Buenos Aires. São unidades federativas diferentes.
Tradição
Entre tantos prédios tradicionais, o Teatro Colón, na avenida Cerrito, apresenta variada programação cultural. As avenidas Cerrito e Carlos Pelegrini seguem paralelas à 9 de Julio. O tradicional obelisco brilha no cruzamento entre a 9 de Julio e a Corrientes.
Os bairros de San Telmo, La Boca e Recoleta são a encenação da letra de um tango. Em San Telmo, artistas e artesãos habitam casas coloniais. Aos domingos, há a feira de antiguidades, com seus shows.
Em La Boca, o tango também existe em forma de música e de sentimento. É o bairro no qual moraram os primeiros imigrantes italianos. No Caminito, cercado de casas pintadas com cores vivas, artistas expõem suas obras tendo o próprio bairro como motivo.
Passando o Caminito, está a Bombonera, estádio do Boca Juniors, não por acaso o clube de futebol mais popular da Argentina.
Na Recoleta, bairro de classe média alta, com cafés marcados pela sofisticação, há venda de artesanato nas praças, cultura nas ruas e até mesmo um cemitério no qual está enterrada Evita Perón.
Em Palermo, bairro de classe média alta que abre o caminho para o norte luxuoso, há lindos parques, o Jardim Botânico e o Zôo, seguidos da avenida Santa Fé, seus restaurantes e casas comerciais.
Quando visitar? - O verão de Buenos Aires é abafado, mas a cidade oferece parques, caminhos abertos, restaurantes e bares com mesas nas ruas. No inverno, o frio ressalta o charme da cidade, torna a excelente gastronomia de carnes, vinhos e pastas ainda mais atraente e favorece as grandes livrarias.



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