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LITORAL DE CONTRASTES
Enquanto faltam recursos para sede própria, acervo fica na casa de morador que fez as coletas
Museu domiciliar tem peças arqueológicas
NO LITORAL CEARENSE
Machados indígenas, garrafas
holandesas, utensílios de caça e
pesca, vasos, louças. Eis o acervo
arqueológico de Josué Crispim,
42, hoje guardado num quarto de
sua casa, mas que no futuro deve
pertencer a um museu arqueológico montado com assessoria do
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional).
Josué começou a coletar os objetos por acaso. Um dia, quando
era adolescente, encontrou uma
garrafa onde estava escrito "Amsterdã". Sua intenção era utilizá-la
para guardar sementes. Mas logo
associou o nome à capital do país
de onde vieram seus antepassados e, curioso, resolveu continuar
a escavação para ver se tinha alguma coisa a mais por ali.
Fez isso durante 17 anos até que,
em 1998, recebeu uma carta do
Iphan proibindo-o de manter a
prática, com a alegação de que
qualquer bem arqueológico é de
propriedade da União.
Mas o Iphan reconhece a importância de Josué e quer sua ajuda. Para o superintendente da
quarta seção regional do Iphan,
Romeu Duarte Jr., Josué terá a
missão de atuar como um "arquivo vivo de informações" e facilitará o trabalho dos pesquisadores.
Local para o museu já existe,
pois a iniciativa privada já doou à
prefeitura um terreno para abrigá-lo. Agora o principal obstáculo, segundo Duarte, é a falta de recursos para a sua construção.
"A Prefeitura de Icapuí é muito
pobre e precisa atender à demanda de saúde e educação", diz,
acrescentando que é necessária a
contribuição de patrocinadores.
"Além disso, praticamente não há
arqueólogos no Estado."
A partir da obtenção de recursos, é preciso definir o conceito do
museu e treinar a população para
servir de guia, recepcionista etc.
"O museu beneficiará muito a região, pois será um atrativo a mais
para os turistas", diz Duarte.
Enquanto ele não fica pronto,
Josué leva os turistas à sua casa e
mostra com orgulho sua coleção,
estagnada desde que recebeu a
carta do Iphan.
Também mostra livros e publicações dando conta de que os espanhóis teriam chegado a Ponta
Grossa em 2 de fevereiro de 1500,
antes, portanto, de Pedro Álvares
Cabral ter descoberto o Brasil.
(MARISTELA DO VALLE)
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