São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2001

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LITORAL DE CONTRASTES

Enquanto faltam recursos para sede própria, acervo fica na casa de morador que fez as coletas

Museu domiciliar tem peças arqueológicas


NO LITORAL CEARENSE

Machados indígenas, garrafas holandesas, utensílios de caça e pesca, vasos, louças. Eis o acervo arqueológico de Josué Crispim, 42, hoje guardado num quarto de sua casa, mas que no futuro deve pertencer a um museu arqueológico montado com assessoria do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Josué começou a coletar os objetos por acaso. Um dia, quando era adolescente, encontrou uma garrafa onde estava escrito "Amsterdã". Sua intenção era utilizá-la para guardar sementes. Mas logo associou o nome à capital do país de onde vieram seus antepassados e, curioso, resolveu continuar a escavação para ver se tinha alguma coisa a mais por ali.
Fez isso durante 17 anos até que, em 1998, recebeu uma carta do Iphan proibindo-o de manter a prática, com a alegação de que qualquer bem arqueológico é de propriedade da União.
Mas o Iphan reconhece a importância de Josué e quer sua ajuda. Para o superintendente da quarta seção regional do Iphan, Romeu Duarte Jr., Josué terá a missão de atuar como um "arquivo vivo de informações" e facilitará o trabalho dos pesquisadores.
Local para o museu já existe, pois a iniciativa privada já doou à prefeitura um terreno para abrigá-lo. Agora o principal obstáculo, segundo Duarte, é a falta de recursos para a sua construção.
"A Prefeitura de Icapuí é muito pobre e precisa atender à demanda de saúde e educação", diz, acrescentando que é necessária a contribuição de patrocinadores. "Além disso, praticamente não há arqueólogos no Estado."
A partir da obtenção de recursos, é preciso definir o conceito do museu e treinar a população para servir de guia, recepcionista etc. "O museu beneficiará muito a região, pois será um atrativo a mais para os turistas", diz Duarte.
Enquanto ele não fica pronto, Josué leva os turistas à sua casa e mostra com orgulho sua coleção, estagnada desde que recebeu a carta do Iphan.
Também mostra livros e publicações dando conta de que os espanhóis teriam chegado a Ponta Grossa em 2 de fevereiro de 1500, antes, portanto, de Pedro Álvares Cabral ter descoberto o Brasil.
(MARISTELA DO VALLE)


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