São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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Mulher de Perón é vista como santa

DO ENVIADO ESPECIAL

No dia 26 de julho foram celebrados os 50 anos da morte de Eva Duarte Perón, ou simplesmente Evita -a primeira-dama argentina que se tornou praticamente uma santa para os "descamisados" argentinos de outra época.
Casada com o mais emblemático líder da Argentina no século passado, Juan Domingo Perón, Evita, uma atriz e locutora de rádio, teve como bandeira a defesa dos mais pobres, dos idosos, das crianças e dos direitos da mulher.
Os dois se conheceram graças a um terremoto que aconteceu no dia 15 de janeiro de 1944 na Província de San Juan.
Uma semana depois, Perón, então secretário do Trabalho, organizou no Luna Park, tradicional palco de duelos de boxe em Buenos Aires, uma mobilização para arrecadar fundos para ajudar as vítimas do tremor de terra. Entre os vários artistas convidados, estava Evita. A partir daí começou o relacionamento.
Apenas meses depois, em 9 de julho, dia da independência argentina, os dois tornaram público o romance, que seria oficializado em um casamento civil em 22 de outubro, logo depois de Perón ser libertado da prisão na ilha de Martín Garcia.
Dez dias antes, Perón havia sido detido, após ter renunciado ao seus cargos de vice-presidente e de secretário do Trabalho. Homem-chave do governo, ele desagradava a setores dentro do status quo argentino.
Porém suas políticas trabalhistas populistas o haviam tornado muito popular, e uma multidão foi à praça de Maio exigir a sua libertação em 17 de outubro. No ano seguinte, Perón era eleito presidente, e Evita se tornava a primeira-dama.
Filha de Juan Duarte, um proprietário de terras decadente em Los Toldos, povoado na Província de Buenos Aires, Evita nasceu quando a família já havia se tornado humilde em 1919. Cresceu em Junín, para onde sua mãe, Juana, e seus quatro irmãos mais velhos se mudaram em 1930.
Mudou-se para Buenos Aires aos 15 anos. "Muito cedo na minha vida deixei a minha casa, o meu povoado e desde então fiquei livre. Queria viver por minha conta. E vivi por minha conta", escreveu Evita em sua autobiografia "A Razão de Minha Vida", livro que foi leitura obrigatória nas escolas primárias da Argentina durante os anos do peronismo (1946-55).
Porém, nos primeiros anos após a saída do lar, Evita teve um passado obscuro e foi renegada pela aristocracia portenha, algo que a marcou profundamente.
Como primeira-dama, ela se diferenciou totalmente de suas antecessoras e de suas sucessoras. Entre suas principais conquistas estão o direito de a mulher votar, a construção das cidades das crianças, de pensionatos e de asilos. Criou ainda o Partido Peronista Feminino.
Mas o que a tornou famosa foram suas visitas a bairros pobres para distribuir roupas e alimentos para as crianças. No mundo, seu nome se tornou célebre em viagem à Europa em 1947. Visitou Espanha, Itália, Vaticano, Portugal, França, Suíça, Mônaco e, no retorno, Brasil e Uruguai.
Em 1951, a central sindical CGT pediu a Evita que ela aceitasse ser candidata a vice-presidente de Perón nas eleições. Inicialmente, Evita aceitou, mas, devido a pressões, teve de voltar atrás.
Nessa época ela já sofria de câncer. No dia 26 de julho do ano seguinte, Evita levou mais de 2 milhões de argentinos às ruas de Buenos Aires, por ocasião de sua morte.


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