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Mulher de Perón é vista como santa
DO ENVIADO ESPECIAL
No dia 26 de julho foram celebrados os 50 anos da morte de Eva
Duarte Perón, ou simplesmente
Evita -a primeira-dama argentina que se tornou praticamente
uma santa para os "descamisados" argentinos de outra época.
Casada com o mais emblemático líder da Argentina no século
passado, Juan Domingo Perón,
Evita, uma atriz e locutora de rádio, teve como bandeira a defesa
dos mais pobres, dos idosos, das
crianças e dos direitos da mulher.
Os dois se conheceram graças a
um terremoto que aconteceu no
dia 15 de janeiro de 1944 na Província de San Juan.
Uma semana depois, Perón, então secretário do Trabalho, organizou no Luna Park, tradicional
palco de duelos de boxe em Buenos Aires, uma mobilização para
arrecadar fundos para ajudar as
vítimas do tremor de terra. Entre
os vários artistas convidados, estava Evita. A partir daí começou o
relacionamento.
Apenas meses depois, em 9 de
julho, dia da independência argentina, os dois tornaram público
o romance, que seria oficializado
em um casamento civil em 22 de
outubro, logo depois de Perón ser
libertado da prisão na ilha de
Martín Garcia.
Dez dias antes, Perón havia sido
detido, após ter renunciado ao
seus cargos de vice-presidente e
de secretário do Trabalho. Homem-chave do governo, ele desagradava a setores dentro do status
quo argentino.
Porém suas políticas trabalhistas populistas o haviam tornado
muito popular, e uma multidão
foi à praça de Maio exigir a sua libertação em 17 de outubro. No
ano seguinte, Perón era eleito presidente, e Evita se tornava a primeira-dama.
Filha de Juan Duarte, um proprietário de terras decadente em
Los Toldos, povoado na Província de Buenos Aires, Evita nasceu
quando a família já havia se tornado humilde em 1919. Cresceu
em Junín, para onde sua mãe, Juana, e seus quatro irmãos mais velhos se mudaram em 1930.
Mudou-se para Buenos Aires
aos 15 anos. "Muito cedo na minha vida deixei a minha casa, o
meu povoado e desde então fiquei
livre. Queria viver por minha conta. E vivi por minha conta", escreveu Evita em sua autobiografia "A
Razão de Minha Vida", livro que
foi leitura obrigatória nas escolas
primárias da Argentina durante
os anos do peronismo (1946-55).
Porém, nos primeiros anos
após a saída do lar, Evita teve um
passado obscuro e foi renegada
pela aristocracia portenha, algo
que a marcou profundamente.
Como primeira-dama, ela se diferenciou totalmente de suas antecessoras e de suas sucessoras.
Entre suas principais conquistas
estão o direito de a mulher votar,
a construção das cidades das
crianças, de pensionatos e de asilos. Criou ainda o Partido Peronista Feminino.
Mas o que a tornou famosa foram suas visitas a bairros pobres
para distribuir roupas e alimentos
para as crianças. No mundo, seu
nome se tornou célebre em viagem à Europa em 1947. Visitou
Espanha, Itália, Vaticano, Portugal, França, Suíça, Mônaco e, no
retorno, Brasil e Uruguai.
Em 1951, a central sindical CGT
pediu a Evita que ela aceitasse ser
candidata a vice-presidente de
Perón nas eleições. Inicialmente,
Evita aceitou, mas, devido a pressões, teve de voltar atrás.
Nessa época ela já sofria de câncer. No dia 26 de julho do ano seguinte, Evita levou mais de 2 milhões de argentinos às ruas de
Buenos Aires, por ocasião de sua
morte.
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